quinta-feira, 26 de abril de 2012

ONU e OTAN: antros de "foras-da-lei"

Revelado o jogo duplo da OTAN na Líbia sob a cobertura da ONU
Pequenos aviões teleguiados desempenharam papel decisivo

Por: Akhtar Jamal
Publicado originalmente no Pakistan Observer em 20.02.2012

Um jornal canadense revelou o conto do jogo duplo da OTAN na Líbia e divulgou como os países da OTAN colaboraram uns com os outros para derrubar o regime líbio e secretamente forneceram as mais sofisticadas armas e drones (aviões teleguiados) para os "rebeldes" líbios.

Segundo o jornal Ottawa Citizen os Estados da OTAN fizeram mau uso do embargo de armas e do bloqueio marítimo da ONU e impuseram sanção unilateral enquanto permitiam que "forças especiais" e instrutores apoiados pela NATO se esgueirassem para a Líbia por via marítima.

O jornal também revelou que dezenas de drones do tamanho de uma pequena mala foram também enviados à Líbia para monitorar e rastrear as forças de Qaddafi e caçá-las.

Ele disse que os parceiros da OTAN no Mar Mediterrâneo impuseram um embargo sob a autoridade da Resolução 1973 das Nações Unidas e permitiram o fornecimento de armas, sem qualquer interceptação, para as forças anti-Qaddafi.

A publicação lembrou que em maio de 2011 a OTAN montou um círculo de 20 navios de guerra para impor um embargo de armas da ONU para todos os lados, uma vez que tal embargo foi claramente destinado a impedir a entrega de armas tanto para Qaddafi quanto para aqueles que estavam lutando contra ele.

O jornal acrescenta que centenas de toneladas de munições e armas passaram facilmente através do bloqueio, "expondo o que os críticos dizem que foi o real motivo do Canadá e da NATO durante a guerra da Líbia: a mudança de regime, sob o pretexto de proteger civis".

Ele lembrou que o Qatar, um dos dois países árabes que participaram na missão da Otan, fornecendo aos "rebeldes" mísseis antitanque Milan de fabricação francesa, com entregas feitas pelo mar. O país também deu-lhes uma variedade de caminhões e equipamentos de comunicações, enquanto os conselheiros do Qatar entraram na Líbia para fornecer treinamento. Afirmou que o Egito embarcou rifles de assalto e munições, com o apoio dos EUA enquanto a Polônia fornecia mísseis anti-tanques e veículos militares.

O jornal canadense Leader-Post relatou que o Canadá forneceu drones (aviões teleguiados) de vigilância aos "rebeldes" para que eles pudessem melhor atacar as tropas líbias, dia ou noite.

A reportagem afirmou que oficiais canadenses fizeram uma viagem de 18 horas de barco desde Malta até uma instalação de treinamento do NTC em Misrata, navegando sem problemas através do bloqueio da OTAN, para entregar os aviões e mostrar aos "rebeldes" como fazer voar o avião, usando-o para identificar uma posição militar líbia.

Ele acrescentou que aviões franceses, sem contestação dos caças da OTAN que impunham uma zona de exclusão aérea, haviam desembarcado cerca de 40 toneladas de munições e armas, incluindo mísseis antitanque, para "rebeldes" lutando no sudoeste de Trípoli.

Os franceses, como as outras nações bombeando armas para as mãos das forças de oposição, justificaram suas ações com uma resposta que parecia ter saída diretamente da novela “1984” de George Orwell. Havia de fato um embargo de armas no lugar, eles reconheceram, mas havia também uma outra resolução da ONU permitindo "todas as medidas necessárias para proteger civis sob ameaça" de ataque.

O ministro do Exterior francês Alain Juppé afirmou que a entrega foi de "armas de auto-defesa" e por isso eles não violavam a resolução da ONU.

O jornal disse que a finalidade declarada pela OTAN de proteger os civis líbios foi vista por críticos como uma rua de mão única, com o foco sendo em proteger apenas aqueles aliados com os "rebeldes". "Emergeria mais tarde que as forças 'rebeldes" caçavam líbios negros que eles acreditavam que apoiavam Kadafi, bem como trabalhadores africanos estrangeiros."

A BBC entrevistou um empreiteiro de construção turco que disse ao serviço de notícias ter testemunhado o massacre de 70 chadianos que estavam trabalhando para sua empresa. Houve também relatos de que os "rebeldes" limparam etnicamente a cidade de Tawergha, 38 km ao sul de Misrata, bem como outros locais. Tawergha originalmente tinha mais de 30.000 pessoas, a maioria de descendentes de escravos negros trazidos para a Líbia nos séculos 18 e 19, mas a cidade, que apoiava Kadafi e fornecia soldados para sua causa, tinha sido esvaziada."

“Pessoas de Tawergha que buscaram segurança nos campos de refugiados foram caçadas por grupos "rebeldes", levadas embora e desapareceram, avisou a Anistia Internacional. As mulheres da cidade foram estupradas."

O jornal também descreveu em detalhes como membros da Otan atacaram sistematicamente Qaddafi e seus familiares, embora mantendo oficialmente que não eram alvo do regime, porque a ONU não tinha dado esse mandato.

Ottawa Citizen também reuniu informações que claramente sugeriram que o ex-líder líbio foi assassinado em uma execução do estilo crime de guerra e apesar disso os líderes ocidentais se regozijaram com sua morte.





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