segunda-feira, 26 de setembro de 2011

O jornalismo de barriga do PIG

O jornalismo investigativo é o que traz credibilidade ao jornal, mas o que sempre existiu com maior predominância foi o jornalismo declaratório, o jornalismo de militância política, que acabou exacerbando no jornalismo de barriga mal intencionado e desacreditado
Barriga, em jornalismo, é notícia ou informação falsa. Ela acontece por descuido, pressa e preguiça ou por má fé e desonestidade do produtor da notícia.

Tem-se a impressão que nos últimos tempos a barriga tem crescido espantosamente na grande imprensa corporativa denominada “PIG”, motivada por razões econômicas de custos internos com enxugamento de seu quadro de profissionais, pela pressa em publicar a notícia nestes tempos de internet e alta competição e, principalmente, pelo engajamento político partidário de seus proprietários e respectivos jornalistas.

As condenações e os assassinatos de reputações, os factóides e denúncias com intenções políticas e econômicas, a informação deturpada e a desinformação grassam em todos os meios da grande imprensa corporativa.

Essa avalanche de barrigas tem sido no entanto detectada e denunciada amplamente com a incrível democratização da informação e comunicação proporcionada pela Internet, que viabilizou ao máximo a divulgação e o acesso ao contraditório, principalmente por meio da blogosfera.

Uma reflexão mais aprofundada nos mostra que no jornalismo, em todos os tempos, as barrigas nunca faltaram e, assim como as corrupções no Brasil e no mundo, não aumentaram, apenas ficaram mais explícitas, divulgadas e escancaradas. Os detentores dos meios de comunicação, em toda a história da humanidade, sempre divulgaram a sua própria “verdade” mais conveniente, a sua versão sobre a realidade.

Hoje a Internet possibilita-nos encontrar várias das milhares de barrigas da imprensa no passado e no presente, como a barriga do falso ataque dos vietnamitas aos navios americanos no golfo de Tonquim em agosto de 1964, que serviu de pretexto para os EEUU declararem guerra ao Vietnã; a barriga da Marcha da Família com Deus pela Liberdade em 1964, que chamou o golpe militar no Brasil; a barriga da Folha de São Paulo anunciando em 17/04/1971 a morte ainda não ocorrida de Joaquim Seixas na OBAN-DOI/CODI; a barriga das falsas armas químicas de destruição de massa de Saddam Hussein em 2003; as dezenas de barrigas contra os governos Lula e Dilma; as barrigas sobre o ataque às torres gêmeas em New York, a “Guerra ao Terror” e a "morte de Bin Laden"; as atuais barrigas para justificar a invasão e o massacre da Líbia...

Algumas barrigas de Cantanhêde
Eliane Cantanhêde, jornalista tucana “de carteirinha” casada com o marketeiro das campanhas tucanas Gilnei Rampazzo, em sua intensa e obsessiva militância política contra os governos Lula e Dilma e os políticos da coalisão governamental, tem produzido várias barrigas jornalísticas, indo contra a realidade dos fatos, em suas matérias na imprensa escrita, nas rádios, nas TVs e na blogosfera.

Exalando incessante tucanês em todos os seus trabalhos, ficou conhecida na blogosfera como a “musa da febre amarela” pela campanha midiática aterrorizante orquestrada que promoveu em janeiro de 2008, de pânico social, apelando aos leitores e induzindo-os a correrem imediatamente para se vacinarem contra a febre amarela, não importando onde morassem no Brasil, contrariando as orientações das várias autoridades sanitárias, governamentais e independentes.

Também em 09.04.2009, com seu contumaz complexo de vira-latas, para desmerecer o Brasil e seu governo, Cantanhêde enalteceu a modernidade, a cidadania e as decisões políticas do governo de Dubai, uma das 7 monarquias islâmicas que formam os Emirados Árabes Unidos, onde o poder é hereditário e não existe imprensa livre, mas “o xeque preserva a identidade e os direitos básicos dos cidadãos” e “não se vê um pobre na rua”. Mal informada e mal intencionada, dois pré-requisitos para se criar barriga jornalística, Eliane não lera a reportagem "O lado sombrio de Dubai” que o jornal britânico The Independent havia publicado 2 dias antes, em 07 de abril, onde se noticiava que a cidade de Dubai estava sendo construída e mantida com trabalho escravo. Pior ainda, estava bastante desinformada da dramática realidade econômica  do emirado, que dali alguns meses, no final de 2009, se tornou inadimplente, entrou em concordata e que hoje ainda tenta reestruturar sua dívida bilionária e está ameaçado de falência.

Em abril de 2010, ao cobrir o lançamento da candidatura de José Serra à presidência, em Brasília, alegre e serelepe, bastante deslumbrada com os “ônibus novinhos em folha que trouxeram a militância” tucana ao evento, num vídeo para a Folha Online que se tornou folclórico na internet, Cantanhêde afirma: “Parece até que o PSDB está virando um partido popular, um partido de massa, mas um velho assessor que conhece bem o PSDB brincou: um partido de massa, mas uma massa cheiróóóósa...

Em dezembro de 2010 Cantanhêde e a Folha de SPaulo foram condenados a pagar uma indenização de R$100 mil por danos morais ao juiz Luiz Roberto Ayoub, responsável pelo processo de recuperação judicial da Varig. Num artigo intitulado “O lado podre da hipocrisia”, a colunista da Folha afirmou: “O juiz Luiz Roberto Ayoub aproximou-se do governo e parou de contrariar o presidente, o compadre do presidente e a ministra. Abandonou o ‘falso moralismo’ e passou a contrariar a lei”. A decisão de Ayoub, atacada pela jornalista, entrou para os anais da justiça brasileira como uma das mais importantes dos anos recentes, tendo sido mantida pelo TJ-RJ, pelo STJ e pelo STF, além de ter lhe valido o Prêmio Innovare, instituído para distinguir as boas práticas administrativas do Judiciário brasileiro.

Podemos dizer que todos os dias são dias de barrigas na mídia jornalística se forem assim consideradas todas as informações e interpretações falseadas deturpadas ou deformadas intencionalmente por Cantanhêde e seus colegas jornalistas das empresas de comunicação que compõem o chamado Partido da Imprensa Golpista, partido esse assumido publicamente pela presidenta da Associação Nacional dos Jornais, Maria Judith Brito, que também exerce altos cargos executivos no Grupo Folha e que disse em 18.03.2010: “ A liberdade de imprensa é um bem maior que não deve ser limitado. A esse direito geral, o contraponto é sempre a questão da responsabilidade dos meios de comunicação. E, obviamente, esses meios de comunicação estão fazendo de fato a posição oposicionista deste país, já que a oposição está profundamente fragilizada. E esse papel de oposição, de investigação, sem dúvida nenhuma incomoda sobremaneira o governo.

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