segunda-feira, 26 de março de 2012

Essa História vem de longe: o povo líbio sempre foi desprezado e massacrado pelos europeus

Desprezo e brutalidade contra o povo líbio

Palestra do clérigo saudita sheik Muhammad al-Sharif na IQRA TV (Arábia Saudita) em 19 de dezembro de 2004

Transcrição do vídeo para a língua portuguesa:

O hino do exército italiano combatente era assim:
"Reze, mãe, e não fique triste, seja alegre e esperançosa. Eu vou acabar com a maldita nação e lutar contra a religião do Islã. Eu estou indo apagar o Corão. Eu estou indo pela glória da Itália, e se alguém lhe perguntar: 'Por que você não chora por seu filho?' então responda: 'Ele morreu combatendo os muçulmanos'".
Esta é uma canção que os soldados cantavam para levantar sua moral durante o combate. Durante o desembarque na Líbia, os italianos mataram, somente em Trípoli, mais de 5.000 homens, mulheres e crianças, que não fizeram nada de errado.
Os italianos fizeram isso por maldade e desejo de intimidar. Eles mandaram aos líbios uma longa carta, na qual eles lhes informavam que "estamos vindo para resgatá-los da desprezível ocupação turca".
Meus irmãos, prestem atenção como eles embelezam as palavras e distorcem os fatos. Eles vieram para remover o estado Otomano Muçulmano, com todos os seus problemas e falhas, a fim de brandir a cruz nos países muçulmanos. Esta é uma lógica inaceitável.
A Itália afundou no atoleiro da Líbia e não podia escapar dele. Tornou-se motivo de chacota da Europa. O que ela fez? Mussolini, o grande tirano, fundador do Partido Fascista Italiano, nessa altura estava no poder, e causou problemas para os europeus. Como você sabe, ele era um grande tirano e ditador. Finalmente, ele foi enforcado e foi para o inferno.
Este Mussolini enviou um comandante com o nome de Graziani. Um general do exército chamado Graziani, para substituir o general anterior, sob o comando de um homem chamado Badoglio, que era o governador italiano.
Graziani era racista, odioso, cristão fervoroso, um fascista, ou seja, um membro do Partido Fascista Italiano de Mussolini. Graziani era muito arrogante, e era desprezível no trato com as pessoas. Ele não tinha nenhuma honra, humanidade ou compaixão. Ele fez as mais desprezíveis coisas na Itália.
Seu mandato durou 20 meses, apenas 20 meses, em que ele conseguiu cercar os mujahidin Sanusi, liderados por Omar Al-Mukhtar. Ele eliminou Omar Al-Mukhtar com astúcia e enganação, como eles sempre fazem. 20 meses, em que os líbios foram submetidos a todo tipo de tortura.
Ele costumava reunir os líbios e dizer-lhes: "Ouçam, eu lhes dou três opções: o navio (o que significava a deportação para a Itália), quatro metros (o que significava a forca) ou balas. Eu não lhes dou nenhuma outra opção”. Desse jeito, com grande arrogância e racismo.
Graziani construiu uma cerca de 300 quilômetros de extensão, assim como os irmãos de macacos e porcos estão tentando construir na Palestina, uma cerca de 300 quilômetros de extensão ao longo da fronteira líbio-egípcia, quando ele capturou Al-Kufra.
Como Graziani capturou Al-Kufra? Ele entrou quando apenas velhos, mulheres e crianças estavam presentes. A maioria dos mujahidin estava fora de Al-Kufra. Eram poucos homens jovens, apenas algumas centenas, contra todo o exército italiano, armado com aviões, etc., que entrou em Al-Kufra.
O que Graziani fez quando ele entrou? Ele tomou 200 mulheres, virgens e não virgens, e os italianos as estupraram nas noites seguintes à ocupação de Al-Kufra.
Ele assassinou 15 xeiques dos Sanusi e outras tribos. O que ele fez? Levou-os em um avião a uma altura de 400 metros circundando sobre Al-Kufra, e ele os atirou, um por um, do avião. Quando eles batiam no chão os soldados italianos aplaudiam com alegria e folia ruidosa de embriaguez. Eles assistem um homem caindo a 400 metros de um avião, e quando ele bate no solo e é despedaçado, obviamente, o que eles fizeram? Eles estão felizes, cantando e gargalhando.
Esta é a cultura europeia moderna. Estes são os seus direitos humanos. Este é o orgulho europeu na idade moderna, e é isso que eles fazem.
Isso me faz lembrar da antiga Roma, quando os romanos se reuniam no anfiteatro de Roma. Eles traziam os pobres escravos e os lançava aos leões famintos, que não haviam comido há dias. Todos os romanos, suas mulheres e crianças no anfiteatro, você conhece os anfiteatros, que todos assistem, eles assistiam os leões devorarem os pobres escravos indefesos, e eles estavam todos felizes, embriagadamente cantando e dançando no anfiteatro.
Esta é a sua cultura... Esta é a cultura que eles querem espalhar na Líbia.
Graziani era famoso por seus tribunais voadores. O que são tribunais voadores? Ele tinha um avião, e junto com vários juízes militares, ele voava por toda a Líbia. Ele pousava em uma aldeia ou uma cidade, em seu pequeno avião, reunia as pessoas na praça principal, trazia os mujahidin Sanusi, e os julgava em um processo rápido. Em 5-10 minutos o juiz militar os sentenciava. Eles os matavam, ou fuzilando-os, ou enforcando-os, e depois embarcavam no avião em direção a outro lugar.
Ele passou 20 meses na Líbia, e matou 30 pessoas diariamente. Todo dia ele matava 30 pessoas em seus tribunais voadores.
O governador militar de Tubrok reuniu as pessoas, tomou um Alcorão e começou a pular e pisar sobre ele, dizendo: "Vocês nunca vão se tornar seres humanos a menos que vocês abandonem o Alcorão".
Esta é a lei italiana.
Badoglio, o governador-geral italiano na Líbia ordenou que todos os ladrilhos do seu palácio... Ele ordenou que o salão de seu palácio fosse revestido de ladrilhos com o nome de Maomé, a melhor de todas as pessoas. Cada ladrilho tinha o nome de Maomé, para que as pessoas pisassem nele quando viessem e se fossem.
Este foi Badoglio.



Pietro Badoglio
Militar e político italiano filiado ao Partido Fascista, considerado um herói nacional pelos fascistas e imperialistas de seu país, Pietro Badoglio, nascido em 1871, estudou na academia militar de Turim, serviu no exército italiano, participando das invasões militares na Eritréia (1896) e na Líbia (1912). Durante a I Guerra Mundial, apesar de responsável pelo desastre e derrota da Batalha de Caporetto, subiu ao posto de General e foi nomeado Vice-Chefe do Estado-Maior do Exército Real Italiano no final de 1917. Nos anos seguintes, ocupando vários altos comandos do Exército italiano, Badoglio exerceu um esforço constante para modificar documentos oficiais a fim de esconder seu papel na derrota.
Importante quadro do Partido Fascista Italiano, foi embaixador no Brasil num breve período a partir de 1922, sendo logo em 1924 nomeado Chefe de Gabinete de Mussolini e em 1926 promovido ao posto de marechal da Itália.
Foi governador-geral da Líbia entre 1928 e 1934 com o título de “marquês de Sabotino”, quando, juntamente com seu vice, general Rodolfo Graziani (o “carniceiro de Fezzan”), após incontáveis massacres e atrocidades, conseguiu derrotar os rebeldes líbios, proclamando em 1932 o fim da resistência líbia pela primeira vez desde a invasão italiana em 1911.

Badoglio assumiu o comando das forças italianas invasoras na Etiópia no final de 1935 e logo no início de 1936 pediu e recebeu permissão para usar guerra química, empregando então o “gás mostarda” para efetivamente destruir os exércitos etíopes em várias batalhas: Primeira de Tembien, de Amba Aradam, Segunda de Tembien, de Shire, de Maychew. Ao mesmo tempo sistematicamente bombardeava e metralhava hospitais e ambulâncias da Cruz Vermelha. Assim, em 5 de maio de 1936 capturou a capital Addis Abeba, sendo nomeado o primeiro vice-rei e governador-geral da Etiópia com o título de “duque de Addis Abeba”.
Dali um mês Badoglio retornou à Itália para suas funções como Chefe Supremo do Estado-Maior Geral Italiano, deixando o “carniceiro” Rodolfo Graziani como vice-rei e governador geral da Etiópia.
Fascista até à medula, por questões de estratégia militar e não de moral ideológica, Badoglio era pessimista sobre as chances de sucesso italiano em qualquer guerra europeia e discordava de Mussolini com relação à aliança com a Alemanha, à guerra contra a França e a Grã-Bretanha e aos preparativos da Itália para a entrada da Segunda Guerra Mundial. Assim, em 4 de dezembro de 1940, em meio à desastrosa campanha militar da Itália na Grécia, ele renunciou ao cargo de chefe de gabinete do governo de Mussolini.
Em julho de 1943 foi nomeado primeiro-ministro pelo Rei Victor Emmanuel III em substituição a Benito Mussolini, em setembro assinou a rendição incondicional da Itália aos Aliados e em 13 de outubro a Itália declarou guerra à Alemanha Nazista.
Em junho de 1944 Badoglio renunciou. Apesar de seus crimes de guerra na Líbia e na Etiópia, as atrocidades e massacres que comandou contra populações civis, o uso que fez de armas químicas e bombardeios a instalações e equipamentos da Cruz Vermelha, Pietro Badoglio nunca foi levado à justiça, devido a expedientes e conveniências políticas, principalmente pela ajuda que deu aos Aliados na invasão de seu próprio país em setembro de 1943.
Pietro Badoglio morreu em 1 de Novembro de 1956, com 85 anos de idade.
Rodolfo Graziani
Nascido em 11 de agosto de 1882, Graziani decidiu em 1903 seguir uma carreira militar. Serviu na Primeira Guerra Mundial e se tornou o mais jovem coronel do exército real italiano.
Na década de 1920, Graziani comandou as forças italianas na Líbia e foi responsável por esmagar a rebelião Senussi. Durante esta chamada "pacificação", mandou construir vários campos de concentração e campos de trabalho, onde milhares de prisioneiros líbios morreram, alguns diretamente por enforcamento (como Omar Mukhtar) ou a tiros, mas a maioria indiretamente, de fome ou doença. Seus feitos lhe renderam o apelido de “o carniceiro de Fezzan" entre os árabes, mas foi chamado pelos italianos de ”Pacificador da Líbia“.
De 1926 a 1930 Graziani foi o Vice-Governador da Cirenaica italiana na Líbia. Em 1930, ele se tornou governador da Cirenaica e manteve essa posição até 1934. Em 1935 tornou-se o governador de Somália Italiana. Em 1935-1936, durante a Guerra de invasão na Etiópia, Graziani foi o comandante da frente sul. Feroz e sem piedade, Graziani dizia: "Mussolini terá a Etiópia, com ou sem os etíopes".
Addis Abeba, capital da Etiópia, foi capturada em 5 de maio de 1936 pelo exército da frente norte, comandado pelo marechal Pietro Badoglio. Em 9 de Maio, Graziani foi premiado por seu papel como comandante da frente sul com uma promoção ao posto de marechal da Itália.
Após a guerra, Graziani foi agraciado com o título de Marquês de Neghelli e feito vice-rei da África Oriental Italiana e Governador-Geral de Shewa/Addis Abeba. Após escapar de um atentado em 19 de Fevereiro de 1937, Graziani ordenou uma represália sangrenta e indiscriminada, que ficou conhecida como “Yekatit 12”, quando cerca de 30 mil civis de Addis Abeba foram mortos indiscriminadamente, outros 1.469 foram sumariamente executados e mais de mil notáveis etíopes foram presos e depois exilados da Etiópia. Vários outros massacres e atrocidades de civis foram também comandados na Etiópia por Graziani, que já era conhecido como “o carniceiro de Fezzan” na Líbia e passou a ser denominado também de “o carniceiro da Etiópia".
De 1939-1941, Graziani foi o comandante-em-chefe do Estado-Maior do Exército Real. Em junho de 1940 tornou-se o Governador Geral da Líbia e comandante-em-chefe dos territórios italianos do Norte da África, quando tentou conquistar o Egito e a Tunísia, sendo no entanto derrotado pelos Aliados.
Graziani foi o único marechal que permaneceu leal a Mussolini quando este caiu em desgraça no Grande Conselho do Fascismo em 1943.
No final da guerra, Graziani passou alguns dias preso em Milão antes de ser transferido para a África sob custódia e proteção anglo-americana até fevereiro de 1946 (milhares de fascistas foram assassinados na Itália no verão e outono 1945), quando retornou à prisão na Itália.
Em 1948, um tribunal militar condenou Graziani a mais 19 anos de prisão, por sua colaboração com os nazistas, mas ele foi solto depois de apenas alguns meses da pena com a alegação, pelos seus advogados, de que ele "recebera ordens".

Ele nunca foi processado por crimes de guerra específicos, como os cometidos contra os líbios e etíopes (massacres de populações civis, uso de gases venenosos, bombardeio de instalações da Cruz Vermelha). Apesar das provas apresentadas à Comissão de Crimes de Guerra da ONU da política italiana de terrorismo sistemático, inclusive o telegrama escrito por Graziani a seu subordinado General Guglielmo Nasi em que admitia pretender eliminar fisicamente todas as autoridades ("Tenha em mente também que eu já intencionei a destruição total de chefes e notáveis etíopes e que esta deve ser realizada completamente em seus territórios.").
Ao contrário dos alemães e japoneses, os italianos não foram submetidos a processos movidos por tribunais dos Aliados. O Foreign Office britânico sempre se opôs à inclusão, nesta Comissão da ONU, da Etiópia e do julgamento dos crimes cometidos pelos italianos durante a invasão de 1935-36.
No início dos anos 1950 Graziani participou do neofascista Movimento Sociale Italiano, tornando-se seu "presidente honorário" em 1953.
Em janeiro de 1955, com 72 anos de idade, ele morreu de causas naturais, em Roma.

quarta-feira, 14 de março de 2012

A utopia líbia e o feroz Imperialismo (III)

O imperialismo, pela sua própria natureza, não pode dizer a verdade: "Nós somos um pequeno grupo de bandidos e ladrões! E queremos assaltar as pessoas, qualquer que seja o país. E iremos matar um monte dessas pessoas e a classe trabalhadora no nosso país deve lutar por nós para que nós fiquemos com o dinheiro".
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E David Cameron disse: "Não permitiremos que a hipocrisia dos Direitos Humanos impeça a prisão destes ladrões".
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A Líbia ofereceu muito ao seu povo, você olha para qualquer índice, a expectativa de vida, o nível de escolaridade, as realizações na saúde, a habitação, para qualquer coisa que você queira.
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A Líbia é provavelmente o único país na África que não tem favelas.
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O tipo de democracia que o imperialismo estava tentando levar na ponta de um míssil Tomahawk.
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A África sofrerá muito porque não terá o grande patrono que representava o regime líbio de Muamar Qaddafi. O Banco Central Africano, o Banco Africano de Reservas e todas as outras instituições.
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A Líbia tinha 40, 50 bilhões de dólares reservados para estes projetos, para libertar a África das garras do imperialismo estadunidense, britânico e francês. E foi esse um dos motivos pelo qual eles confiscaram esse dinheiro.
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Este vídeo foi filmado, editado e legendado por © Harry Fear (http://HarryFear.tv)


A Líbia a África e o Imperialismo:
Dan Glazebrook, Lizzie Phelan e Harpal Brar

Transcrição do vídeo para a língua portuguesa

Parte III

Harpal Brar
(de 0:28:43 a 0:58:28)


Vou começar por onde o Dan e a Lizzie pararam, vou tentar não repetir a coisas que eles disseram.
Esta velha piada de um jornalista burguês que disse que nunca lia os livros que resenhava -- vai que as suas idéias pudessem mudar!
É exatamente o que ocorre com o jornalismo burguês. Eles não permitem que uma boa intervenção seja "estragada" com a referência aos fatos. Fatos não são coisas sobre as quais eles comentem. Os fatos representam a morte de toda campanha por eles empreendida e a guerra contra a Líbia foi construída em cima de mentiras. O imperialismo, pela sua própria natureza, não pode dizer a verdade. Quero dizer, como é que você chega para os trabalhadores e diz "Nós somos um pequeno grupo de bandidos e ladrões! E queremos assaltar as pessoas e queremos assaltar as pessoas de outros países, sejam elas da Líbia Iraque, Afeganistão, Palestina, Yugoslávia, qualquer que seja o país. E iremos matar um monte dessas pessoas e as 'crianças' da classe trabalhadora no nosso país devem lutar por nós para que nós fiquemos com o dinheiro" Se você se saísse com uma frase desse tipo, se você se saísse com uma frase dessas, mesmo o trabalhador mais burro diria: "Ah, sei... não vejo nada aí que me diga respeito"
Então eles têm que construir uma verdade baseada numa campanha de mentiras, mentiras sobre a democracia, mentiras sobre liberdade, mentiras sobre Estado de Direito, etc. E, claro, a mídia faz o papel de líder da torcida.
São pessoas que não são inocentes.
Se voce observar os âncoras da BBC, ITV, da mídia privada, da mídia pública, são pessoas que estão com os bolsos cheios das migalhas que caem da mesa da pilhagem imperialista.
Eles não vão contar a verdade.
Eles recebem algo como 1/4 de milhão, meio milhão, talvez 1 milhão.
Quer dizer, a verdade vem mesmo é desse padrão de vida, o sujeito não está interessado em chegar e começar a falar sobre a verdade. Então a guerra tem sido construída sobre uma mentira: Kadafi é um ditador. Saddam Hussein era um ditador, qualquer um que você queira, Slobodan Milosevic era um ditador. Eu digo a vocês, isto não é uma continuação apenas da guerra no Iraque e no Afeganistão e na Palestina. É também a continuação da guerra na Yugoslávia. O imperialismo não dá a mínima para a cor das pessoas ou para a nacionalidade das pessoas. Só há uma coisa que é avaliada: é pelas "verdinhas", é pelo dólar que o imperialismo luta, ele luta pela exploração e superexploração. E qualquer um que tome consciência disso está na mira do imperialismo.
A democracia não está, muito simplesmente, em questão. Ele luta por dominação. Toda a história do capitalismo monopolista nos últimos 100, 110 anos é uma história de guerras no interesse da acumulação do capital. É disso que se trata.
Eu realmente não quero enumerar as grandes realizações do regime de Kadafi na Líbia a partir da revolução de setembro dos idos de 1960, naquele país.
Só o mais deliberado ignorante ou o elemento mais maligno não conhece as realizações do regime líbio. Não há um país na África que ofereça ao seu povo o padrão de vida que o governo líbio ofereceu ao longo de um período de 4 décadas. Mesmo os mais ricos reinados, como a Arabia Saudita e outros -- não dá para chamá-los de reinados. Eles são basicamente poços de petróleo, campos de petróleo com uma bandeira hasteada. Uma bandeira desenhada em Washington, Londres, Berlim ou Paris. E constituições escritas também lá, basicamente para dividir os povos árabes. Eles não tem direito a uma existência independente. O que é o Qatar como estado independente? O que é o Dubai? O que são os Emirados Árabes Unidos, etc.? Eles são povos que não pertencem realmente ao mundo árabe, mas sim ao mundo imperialista ocidental, são agentes do imperialismo naquela região.
A Líbia ofereceu muito ao seu povo, você olha para qualquer índice, você olha para a expectativa de vida, você olha para o nível de escolaridade, você olha para as realizações na saúde, você olha para a habitação, para qualquer coisa que você queira. É provavelmente o único país na África que não tem favelas.
Estive lá mas não pretendo ser um especialista. E ao contrário de Lizzie e outros camaradas que foram para lá como jornalistas à procura de fatos, eu fui com os meus camaradas mas não à procura de fatos, os fatos estavam claros para mim sentado aqui, eu realmente não precisava ir à Líbia para descobrir... Tantos os fatos sobre a vida do povo líbio, ou sobre o regime de Muammar Qaddafi, ou sobre o tipo de democracia que o imperialismo estava tentando levar na ponta de um míssil Tomahawk. Eu não precisava ir.
A razão pela qual fomos lá foi basicamente para demonstrar a nossa solidariedade ao povo líbio, e para lhes dizer que existem duas Grã-Bretanhas, assim como há duas Alemanhas, dois EUA: há a Grã-Bretanha dos imperialistas que querem saqueá-lo, que querem bombardeá-lo até à total destruição e há o imperialismo da classe trabalhadora e oprimida que quer mostrar solidariedade. Não estamos ao lado da nossa classe dominante. Os melhores elementos do movimento da classe trabalhadora britânica estão do lado dos povos oprimidos, essa era a nossa missão.
Quer dizer, estivemos lá por 2 ou 3 dias. Que fatos poderíamos ter encontrado em 2 ou 3 dias?
Sim, pudemos ver que os líbios eram felizes. Sim, pudemos ver que os empregados do hotel eram caras legais. Sim, pudemos ver as pessoas na Praça Verde. Certo, vimos muita munição usada porque as pessoas atiravam para o alto para se defender do bombardeio da Otan. Dava pra ver tudo isso. Sim, dava para ver que os mercados estavam cheios de produtos, tinha até gente que vinha da Bélgica, de Paris, iam aos mercados líbios comprar coisas porque eram mais baratas que em Paris, Bruxelas, etc. Portanto tudo ia bem, até que a Otan, obviamente, chegou.
É como a Máfia, existem 2 departamentos: um é responsável pelos explosivos e pela destruição de edifícios e o outro é o departamento de construção, que faz contratos. Então eles destruiram a Líbia para depois reconstruí-la. E há muito dinheiro para se servirem, porque pelo menos 1 bilhão em dinheiro líbio foi roubado.
Não... houve tumultos em Londres? Eu não gosto de dizer que foram tumultos, prefiro dizer que foram levantes da juventude em Londres e muitas outras cidades deste país. E David Cameron disse: "Não permitiremos que a hipocrisia dos Direitos Humanos impeça a prisão destes ladrões".
Vamos supor que essas pessoas sejam ladrões, esses jovens que roubaram um par de Nike's, sem os quais não serão considerados caras legais. Vamos dizer que sejam ladrões.
Mas o que eles são, se são ladrões? Eles são um estrito reflexo do que o imperialismo faz, numa escala gigantesca, dentro de seu próprio país e fora dele.
Se estas pessoas estão roubando só estão refletindo o estado de coisas e talvez tentando emular. Eles simplesmente não têm a sorte de poder sair por aí e confiscar a riqueza de um continente inteiro ou de outros países. Têm que se contentar em "roubar" um par de tênis, etc. Boa sorte para eles!
Se o imperialismo não consegue lhes oferecer nem a oportunidade de serem explorados num emprego, então não podem culpar as pessoas por saírem por aí roubando. Eu não chamo isso de "roubar". Eu apenas digo que eles pegam o que, por direito, é deles. E é assim que deveria ser.
A guerra na Líbia não é algo que, subitamente, aconteceu. Se você observar essa guerra, muito da discussão sobre guerra é fútil. Ou as pessoas dizem quem atacou quem primeiro, ou as pessoas dizem "Oh, Kadafi é um ditador." O que é que as pessoas têm com isso? Vamos dizer que ele seja um ditador. Porque é que isso diz respeito àqueles que não são líbios? O povo líbio é perfeitamente capaz de resolver isso. Se eles se livraram do Rei Idris porque não gostavam dele, se eles não gostarem do Kadafi, eles o expulsarão do poder. Não é esse o problema.
E desde quando diz respeito ao imperialismo decidir que um país deve ser "bem" governado? Eles não governam bem seus próprios países, porque haveriam de se meter com os líbios?
Então quando você olha para a guerra a questão imediata a fazer é sobre o caráter de classe e a substância da guerra.
Qual é o caráter de classe da guerra? Que classe está entrando em guerra e contra quem? Quais são os objetivos dessa classe? Que objetivos essa classe perseguia antes do começo da guerra? E que objetivos ela persegue durante a guerra?
O escritor alemão Clausewitz diz corretamente: "A guerra é a extensão da política através de meios mais violentos". Então, se a Inglaterra, a França, os EUA estão fazendo uma guerra contra a Líbia, a política que perseguem com esta guerra é exatamente a mesma política que eles praticaram por décadas contra a Líbia. E outros países.
Restringindo-me à Líbia no momento, qual tem sido a tentativa deles, desde a revolução de setembro da década de 60?
Derrubar Qaddafi
. Pelas razões mencionadas por Dan e Lizzie. Porque Qaddafi se tornou uma pedra no sapato. "Não está certo retirar as bases imperialistas do seu país." A Líbia não pode ter bases na Inglaterra, mas a Inglaterra tem o direito divino de ter bases na Líbia.
A Líbia não pode explorar os ingleses, mas a classe dirigente britânica acha que tem o direito de explorar, porque é o que tem feito por 350 anos.
É como se, porque o Sol se levanta no Oriente e se põe no Ocidente, fosse motivo suficiente para que o Ocidente explore o resto do mundo. E quem quiser desafiar isso, está se colocando à margem.
Então essa é a política que a Inglaterra tem praticado.
Por outro lado, qual tem sido a política do governo líbio? Alcançar um certo grau de independência. Usar a riqueza e os recursos que a Líbia tem para a melhoria do padrão de vida do povo líbio, construir a infraestrutura num país que era miserável na época de sua independência, cujo rendimento per capita era de 50 dólares por ano.
Quero ver vocês viverem com 50 dólares ao ano. 50 dólares por ano... e antes do início do bombardeio pela Otan, qual era o rendimento médio do líbio?
De acordo com o Almanaque da CIA, e a CIA não é nenhuma fã da Líbia e não tem nada de progressista, era de 16.500 dólares por ano.
16.500 dólares por ano põe a Líbia numa posição melhor do que uma enorme quantidade de pessoas vivendo nos países imperialistas, incluindo o país imperialista mais rico, os Estados Unidos da América.
Se eles são realmente humanitários e querem demonstrar as suas preocupações humanitárias, 40 milhões de estadunidenses não têm assistência médica. Não seria mais aconselhável dar-lhes o mesmo tipo de assistência médica que o governo líbio dava ao seu próprio povo?
Milhões de estadunidenses são analfabetos funcionais, eles não conseguem ler ou escrever. Não seria melhor oferecer-lhes o tipo de educação que o governo líbio, ou ainda melhor, que o governo cubano dá ao seu povo?
10% das residências nos EUA, de acordo com o Departamento de Agricultura, sofrem de insegurança alimentar. Bom, isso é um eufemismo, vivemos num mundo de eufemismos. Não se pode falar a verdade. Porque não dizem que eles têm fome? Devemos dizer "Eles sofrem de insegurança alimentar". Isso significa: eles não podem comer. 10% dos lares estadunidenses representa aproximadamente 30 a 35 milhões de pessoas.
Se eles estão realmente tão preocupados com as questões humanitárias, não deveria a caridade começar em casa? Não deveriam olhar primeiro pelo seu próprio povo? 2 milhões de pessoas nos EUA estão aprisionados. É a maior taxa de encarceramento e uma grande proporção deles é de brancos pobres e oprimidos e um número ainda maior de negros pobres.
Quando Obama foi eleito presidente Dan ficou espantado por eu ter dito que eles iam invadir mais alguém. Eu estava muito feliz quando Obama foi eleito. Basicamente por um motivo: representava, genericamente, a visão dos negros nos EUA e negros em muitos outros lugares. Os EUA só eram ruins porque nunca tinham tido um presidente negro, só eram governados por presidentes brancos. Mas depois eu vi que qualquer um que se torne presidente dos EUA passa a ser o líder do imperialismo estadunidense.
É como pedir ao policial para ser bonzinho. Ele pode até começar bonzinho quando entra na polícia, mas logo ele se torna aquilo que até o The Guardian chamaria de canalha. É simples, se você é o presidente dos EUA, não me importa o quanto você é legal, você é o líder do imperialismo estadunidense.
Então eu disse: "Uma vez que ele seja eleito, as pessoas iriam se aperceber disso na medida em que até um presidente negro manteria as coisas na mesma."
Uma coisa boa que Obama fez foi ter retirado da Casa Branca, da frente da Casa Branca, o aviso "Somente Brancos". Isto, até um certo ponto, foi uma conquista. Mas quanto ao resto, ele é -- acreditem em mim, vocês podem não concordar o quanto queiram -- ele é mais reacionário do que George W. Bush. Eu nunca imaginei que diria esta frase.
Vocês ouviram o que ele disse sobre a Palestina? Ele ficou apontando a "ameaça para a segurança de Israel". Todos aqueles mísseis mortais, as bombas nucleares vindo da Faixa de Gaza, atacando os pobres judeus em Israel.
Você fala com ele sobre a Líbia. "Lá está o ditador oprimindo o seu próprio povo". Eu imagino que ele esteja apenas se opondo porque aquele velho ditador não vai oprimir outros povos a 10.000 milhas de distância dali. É disso que Obama gosta, enquanto George W. Bush gostava de mandar pessoas para a Baía de Guantanamo.
Obama encontrou uma forma melhor: porque se enrolar com a estória de Guantanamo, quando você pode matá-los diretamente com os drones? Não é necessário lhes oferecer um julgamento, esse é o estado de direito, você envia drones, mata as pessoas e diz "Matamos terroristas".
Então são essas as pessoas que se revoltam com a "maior atrocidade cometida em solo americano" no 11 de setembro. O que você espera? Há um senador de direita nos EUA chamado Ron Paul. E ele diz numa reunião de republicanos: "O que vocês esperavam que as pessoas fizessem conosco? Nós estamos em guerra com todo o mundo!..." Ele é uma pessoa de direita... "Entramos em guerra com todos!... É só uma questão de tempo até que as pessoas entrem em guerra contra nós!..." Portanto, esta guerra que está sendo conduzida é uma guerra imperialista predatória. É uma guerra de assaltantes, é uma guerra de espoliação. É uma guerra de pilhagem, é uma guerra para saquear. Portanto é uma guerra injusta. Todas as pessoas com um mínimo de senso de justiça e alinhada com os interesses da classe trabalhadora tem a obrigação de apoiar o povo líbio que está sendo atacado como foi o povo do Iraque, da Palestina, do Afeganistão.
Esta é a visão que eu sustento no partido ao qual pertenço. Estamos abertamente do lado daqueles que estão sendo atacados pela nossa classe dominante. Perguntam-me constantemente: "Você mora neste país, você ganha o seu sustento neste país, porque você odeia este país?"
E eu respondo: "Eu não odeio. Há muitas coisas deste país das quais me orgulho. Fico muito orgulhoso pelo fato de que nossa burguesia foi a primeira a derrubar a aristocracia feudal. E ter cortado a cabeça do seu rei foi ótimo. Fico muito orgulhoso de algumas das conquistas científicas deste país. Sou muito orgulhoso pela literatura que vem sendo produzida neste país. Adoro Shakespeare, adoro Spencer, adoro Milton e inúmeros outros. Estou muito orgulhoso pelo fato de termos produzido o primeiro movimento operário na história mundial, os cartistas. E estou muito orgulhoso da greve geral de 1926. Estou muito orgulhoso pelo fato dos estivadores, durante a guerra civil na Rússia e durante a guerra de intervenção se mobilizaram e se recusaram a carregar os navios, forçando Loyd George a interromper a intervenção britânica na Russia contra os bolsheviques. Fico muito orgulhoso disso. Mas não posso ficar orgulhoso com o fato de que nosso país, por 300 anos, agiu consistentemente como algoz da liberdade de outros povos. Como trabalhador, não posso ficar orgulhoso com isso e não ficarei orgulhoso disso, não importe o que isso custe."
Portanto, quando nos revoltamos contra esta guerra, contra a nossa classe dominante, não estamos indo contra os trabalhadores, vamos contra a classe dominante deste país, que é uma classe de saqueadores que tem o sangue de milhões de pessoas nas suas mãos. Não é Qaddafi o assassino, é Cameron o assassino, é Obama o assassino, é Sarkozy o assassino. E é isso que eles são.
E a outra coisa que deve ser lembrada sobre esta questão é o papel da esquerda neste país.
Esqueçam a classe dominante. A classe dominante faz o que sabe fazer melhor: explora, oprime e é isso que ela faz, um trabalho fantástico, não precisamos nos preocupar com eles.
Mas e quanto à esquerda? O que os esquerdistas estão fazendo? Há dois pontos em que a esquerda concordou, sem pestanejar, com a classe dominante. Um deles é que o regime de Qaddafi caiu. E o segundo é que isso foi uma coisa boa, que merece ser comemorada.
Primeiro, eles estão festejando prematuramente sobre o túmulo inexistente do regime de Qaddafi. Não sou um astrólogo e não sei qual será o resultado final desta tragédia. Tenho certeza de uma... não, duas coisas. Uma delas é que o regime de Qaddafi está muito vivo e ainda conta com o apoio da grande maioria da população líbia. A segunda é que, ainda que as forças imperialistas consigam dominar o povo líbio, temporariamente, nunca conseguirão controlar a Líbia. Eles podem transformá-la numa Somália, num posto dos senhores da guerra, mas não conseguirão controlar.
As pessoas que eles estão conduzindo ao poder, temos sido constantemente alertados para isso, estão em guerra contra o "terror" desde 09/11.
Quem são realmente as pessoas que estão dirigindo o show em nome da Otan na Líbia? São os fundamentalistas. É o Grupo Combatente Islâmico Líbio-
GCIL que dirige o espetáculo. O seu líder é um tal Abdelhakim Belhadj. Abdelhakim Belhadj é um cara que combateu contra os soviéticos no Afeganistão e foi auxiliado depois pela CIA e o MI6 para formar o GCIL. Foram eles que fizeram várias tentativas de matar Qaddafi. Em determinado momento, o imperialismo achou que eles tinham ido longe demais, então capturaram-nos e enviaram-nos para a Líbia. A Líbia tinha as suas próprias razões para querer ficar com estas pessoas. Em determinado momento, no ano passado, eles foram soltos, depois de terem prometido desistir da violência e praticar uma oposição pacífica. O regime líbio foi gentil o suficiente para libertá-los. Depois que se dirigiram diretamente para Benghazi, foram recrutados pela CIA e quando Trípoli foi invadida, foi não apenas por estes... "rebeldes" da Otan, mas por dezenas de milhares de mercenários.
Falam de mercenários no lado de Qaddafi, mas Qaddafi não tinha mercenários. Dizem que todo negro líbio é um mercenário e chamam a todo trabalhador estrangeiro que trabalha na Líbia de mercenário.
É como se dissessem que alguém como eu é um mercenário, apenas porque tenho uma pele escura e porque ganho o meu sustento aqui. Então eu poderia ser facilmente descrito como mercenário. Para quem? Cameron? Outro?
Foram eles que trouxeram mercenários para o país. E trouxeram estes mercenários e adivinhem quem foi eleito o líder do comitê militar em Trípoli? Com a conivência da Otan? Com a ajuda da Otan? Não é ninguém mais senão Abdelhakim Belhadj.
Então o terrorista de ontem tornou-se o instrumento para trazer a "democracia" ao povo líbio, que está sendo assassinado, como disse muito bem Lizzie, aos milhares. Quer dizer, tenho a informação de que algo em torno de 30.000 pessoas em Trípoli morreram durante o assalto à cidade. E não conseguiram tomar completamente Trípoli, há resistência em Trípoli. E é precisamente uma das razões porque estes gentis combatentes, supostamente responsáveis por derrubar o regime de Qaddafi, não mudaram a sede do governo de Benghazi para Trípoli.
Talvez nem sejam capazes de sustentar o governo em Benghazi, porque soube que existem muitos tumultos ocorrendo em Benghazi. Há manifestações surgindo em Benghazi, zangadas, há divisões dentro do campo "rebelde", cada grupo quer a melhor parte, senão toda a Líbia, ou partes da Líbia, de forma que o CNT não consegue facilmente ser obedecido.
Há membros de uma facção de oposição que disse a este senhor Mustafa Abdul Jalil: "Se você continuar a agir desse modo, matamos você". E ele está com medo deles, ele só está ali porque há gente da Otan protegendo-o e é apenas uma questão de tempo antes que comece a matança. Portanto não haverá nenhum governo na Líbia capaz de trazer qualquer estabilidade, sem falar em prosperidade.
A Líbia era um lugar maravilhoso. E um monte de outros países naquela área irão se ressentir. Os meus colegas falaram sobre isso antes. A África sofrerá muito porque não terão o grande patrono que representava o regime líbio de Muamar Qaddafi. O Banco Central Africano, o Banco Africano de Reservas, e todas as outras instituições. A Líbia tinha 40, 50 bilhões de dólares reservados para estes projetos, para libertar a África das garras do imperialismo estadunidense, britânico e francês. E foi esse um dos motivos pelo qual eles confiscaram esse dinheiro. Que isso sirva de lição a outros povos que tem o seu dinheiro em dólares, libras e outras moedas. Retirem-no antes que seja confiscado.
Eu realmente fico muito assustado que 3.200 bilhões... 3,2 trilhões de dólares de reservas cambiais chinesas grande parte das quais está em dólar poderiam ser, facilmente, congeladas.
Chávez está certíssimo em tomar as devidas medidas para repatriar o outro de outros países de volta para a Venezuela. Porque nunca se sabe. Se você deixa o ouro nas mãos dos ladrões, não fique surpreso se de repente ele desaparecer.
Então o que está acontecendo é que a esquerda também está indo pelo mesmo caminho. E o que acontece na esquerda?
Estas são as declarações que eles fazem, assim que a guerra na Líbia irrompe. "Parem a guerra!" e fazem uma declaração denunciando a Líbia, saudando o fato da Primavera Árabe se espalhar para a Líbia, e... fazem um protesto. Adivinhem contra quem? Contra Muammar Qaddafi e sua embaixada em Londres.
Alguns dias mais tarde, tendo percebido que tinham dado um tiro no pé, voltam atrás. Mudam de tática, mas não de política. E então passam a dizer que se opõem à intervenção da Otan na Líbia, adivinhem porquê? Porque a intervenção apenas reforça a posição de Muamar Qaddafi. "O que é que há de mais terrível do que Qaddafi sair reforçado?"
Portanto, a causa da queda do regime de Muammar Qaddafi deve-se tanto ao imperialismo quanto à esquerda da "Coalisão Parem a Guerra".
Agora, muito recentemente, emitiram uma declaração basicamente saudando a derrubada do regime de Qaddafi. No website deles há alguém chamado de Sr. Jones que declarou: "Só um maluco poderia ser contra a queda de Qaddafi"
Então somos esses "malucos". Nós iremos protestar contra a queda do regime de Qaddafi, porque não há nada na queda do regime de Qaddafi para o povo líbio, para os povos africanos, para os povos oprimidos do mundo ou mesmo para a classe trabalhadora dos EUA, Inglaterra e Europa. Nós não queremos a queda desse regime.
É isso que a "Coalisão Parem a Guerra" faz e exatamente o mesmo acontece com o Partido Socialista dos Trabalhadores, eles são uns trotskistas que lutam pela "liberdade dos trabalhadores" ou algum tipo de grupo assim... Eles não lutam pela liberdade dos trabalhadores. Eles lutam na verdade pela escravidão dos trabalhadores. Eles são simplesmente veículos para fazer propaganda imperialista. É isso que eles estão fazendo. Então, para não tomar mais tempo, porque eu terei a oportunidade de voltar a falar durante os debates, esta guerra foi planejada há muito tempo atrás. Não era necessário ter uma Resolução da ONU. Se eles realmente estavam à espera da Resolução da ONU, que poderia ser ou não aprovada, como é que apenas 24 horas após a aprovação da Resolução da ONU todas as forças aéreas dos principais países da Otan, EUA, Grã-Bretanha e França são postas em ação e apenas 24 horas após a aprovação da Resolução 1973 da ONU eles despejam 110 mísseis?
Ao longo dos últimos 6 meses eles conduziram mais de 20.000 missões das quais 8.000 até 01 de setembro eram missões de ataque. Se vocês considerarem que uma única missão carrega 5, 6, 7, 8 bombas, eles devem ter despejado perto de 50.000 mísseis, bombas e explosivos sobre o povo líbio. Num país de 6,5 milhões de pessoas?... Eles soltaram todas estas bombas sobre eles.
Eles mataram, em nome do Direito de Proteger (R2P), milhares de civis. E é claro, também mataram militares.
É isto o que tem acontecido. Para começar, a guerra era ilegal, porque a própria ONU agiu ilegalmente, ao emitir uma resolução que à luz da Carta das Nações Unidas não conseguiria passar. Ela só permite aprovar resoluções para intervenção se um país representa uma ameaça à paz na região ou agride outro país, coisa que a Líbia não fez. Portanto a Resolução da ONU é ilegal, e toda a sua implementação, em cada passo, também. Era uma resolução para supostamente estabelecer uma zona aérea sem vôos, para garantir que a força aérea líbia não voasse. Mas foi transformada, logo depois, num instrumento para mudança do regime. Era isso o que eles queriam.
Se eles foram bem sucedidos ou não -- e eu espero que não -- eu não sei.
Mas por agora, a posição é que o regime líbio está resistindo intensamente. E essa resistência, na verdade, merece ser aplaudida, merece ser reconhecida. Não pensem que é um ato pequeno enfrentar o conjunto de forças aéreas dos principais países imperialistas bombardeando dia após dia ao longo de quase 7 meses.
Depois que se completaram 6 meses no dia 9 de setembro, a Otan, unilateralmente, sem voltar à ONU, em cujo nome agia, ampliou a campanha de bombardeamento por mais três meses. E o seu secretário-geral, aquele Rasmussen com cara de fascista, da Dinamarca: "Bem, veremos se depois de três meses precisaremos continuar ou não"

A utopia líbia e o feroz Imperialismo (II)



Este vídeo foi filmado, editado e legendado por © Harry Fear (http://HarryFear.tv)


A Líbia a África e o Imperialismo:
Dan Glazebrook, Lizzie Phelan e Harpal Brar

Transcrição do vídeo para a língua portuguesa

Parte II

Lizzie Phelan
(de 0:16:48 a 0:28:37)

Obrigada por me convidarem
Eu estive na Líbia duas vezes nos últimos 6 meses desta crise. Na primeira vez integrei uma missão de paz e na segunda vez fui correspondente da Press TV e também fiz algumas reportagens para a Russia Today, saí depois da "queda" de Trípoli onde estive durante aquela semana horrível de combates em Trípoli.
Acho que o Dan realmente contextualizou bem como a guerra da Líbia foi uma guerra contra a África e apenas queria acrescentar algumas coisas.
O Dan mencionou como a Otan atingiu mais de 100.000 soldados na Líbia, mas também houve milhares de homens e mulheres comuns, houve muitas mulheres, que foram voluntários desde o início da crise, para defender o seu país e receberam armas do governo e durante aquela semana em Trípoli quando os combates começaram, testemunhei como homens e mulheres comuns pegaram as armas que tinham sido treinados para usar, durante os 6 meses, para defender o seu país.
Como jornalista, vou falar um pouco do papel da mídia e esta foi antes de mais nada uma guerra midiática.
Dan aludiu com veemência à criminalização do governo líbio e de Kadafi. A mídia disse que milhares de pessoas estavam prestes a serem mortas em Benghazi, mas nunca nos mostraram nenhuma evidência.
Disseram-nos que 6000 pessoas tinham sido mortas pelo governo. Organizações de direitos humanos confirmaram que aproximadamente 250 pessoas foram mortas, de ambos os lados.
Eles disseram que o governo líbio estava atacando o seu próprio povo pelo ar, mas satélites russos de inteligência não registraram nenhum vôo nessa época.
Eles disseram que o governo estava contratando mercenários africanos, nunca nos mostraram as evidências. Em vez disso, vimos os vídeos de linchamentos públicos de líbios negros e negros de outras nacionalidades, pelas tropas terrestres da Otan, os "rebeldes", com várias pessoas registrando a cena com celulares sob o olhar complacente de forças especiais ocidentais.
Eles disseram que Kadafi era odiado pelo seu povo, mas nunca mostraram os 1,7 milhões de pessoas de um país de 6 milhões de habitantes, na Praça Verde, em 1º de julho 2011, ou a multidão em Tarhuna, em Sabha, em Beni Walid, em Sirte, e por todo o país, que demonstraram o compromisso de lealdade ao seu líder e à Jamahariya.
Eles nunca nos mostraram as multidões, como eu disse, de homens e mulheres comuns que aceitaram a oferta de armas pelo governo para defender as suas famílias, seu bairro e seu país, de pessoas que os queriam condenar à escravidão do imperialismo.
Eles disseram que estavam alvejando as forças militares de Kadafi, eles ignoraram as 33 crianças, 33 mulheres e 20 homens que eu vi serem enterradas na pequena e tradicional cidade de Majer, em Zlitan, no início de agosto.
Eles disseram que, em 21 de agosto Trípoli caiu sem resistência.
Mas eles não nos disseram que em apenas 12 horas 1300 pessoas foram massacradas naquela cidade e 9000 ficaram feridas.
Eles disseram que Trípoli caiu sem resistência e que Saif el-Islam tinha sido preso e capturado. E que o complexo de Kadafi, Bab al-Aziziya tinha sido tomado pelos "rebeldes". Mas apesar do próprio Saif el-Islam ter aparecido no hotel onde me encontrava retida (Rixos) e ter conduzido um grupo de jornalistas pelas cercanias para que vissem com os próprios olhos a real situação, eles não nos mostraram as milhares de pessoas enchendo Bab al-Aziziya e as ruas de Trípoli, hasteando a bandeira verde, na noite de 22 de agosto.
Eles disseram que Trípoli caiu sem resistência.
Mas não nos mostraram as 24 horas após aqueles jornalistas de todas as principais redes ocidentais terem ido ao local, que Bab al-Aziziya foi atingida 63 vezes por bombas da Otan.
Eles não nos mostraram que todos os grupos de pessoas reunidas para defender a sua capital daqueles que queriam mandá-los de volta aos tempos do fantoche colonial, Rei Idris foram atacados por mísseis e helicópteros Apache.
Eles não nos mostraram como o bravo povo de Abu Salim, a área mais pobre de Trípoli, a área pró-Qaddafi mais resistente, resistiu por 5 dias até que em 24 de agosto a Otan passou a atacar qualquer coisa que se mexesse, espalhando milhares de corpos pelas ruas.
Eles nos disseram que o país tinha sido "libertado", mas 6 semanas depois os "rebeldes" reconheceram que não estavam conseguindo transferir o seu quartel-general para a capital.
Desculpem... Os "rebeldes" confirmaram, acho que hoje, que eles também não estão conseguindo tomar Beni Walid e que Sirte também oferecia forte resistência.
Portanto, o Qaddafi "genocida" tão "odiado" pelo seu povo que eles tiveram que pedir que a Otan bombardeasse o seu próprio país, tão "odiado" que a capital caiu "sem resistência".
Ou será a Otan o verdadeiro genocida?
Matando a multidão de líbios, porque eles morreriam pelo seu líder como aconteceu em Trípoli?
Eu sei qual é a resposta, para a qual há um monte de evidências.
Na verdade há tantas evidências que até o jornal conservador "The Telegraph" foi incapaz de se esconder delas. Entre inúmeras reportagens que mostram a ausência de popularidade dos "rebeldes", popularidade essa que é de Qaddafi, uma reportagem publicada nesta semana relata o que ouví quando estava em Trípoli.
Uma habitante de Sirte, Susan Fadjan, disse: "Nós vivíamos numa democracia com Muammar Qaddafi, ele não era um ditador, eu tinha liberdade, as mulheres líbias tinham direitos totalmente reconhecidos. Não se trata de precisarmos ou não de Gadafi de novo, mas queremos viver como vivíamos antes".
Mais adiante, no mesmo artigo, o menino de 8 anos Mabuka diz: "A vida era boa com Qaddafi, nunca tínhamos medo".
Mais adiante, no mesmo artigo, uma senhora idosa diz: "Eles estão matando as nossas crianças. Por que estão fazendo isso? Para que? A vida era boa antes"
E uma outra diz: "Todos gostam de Qaddafi. E gostamos dele porque gostamos da Líbia. Agora os rebeldes assumiram o comando, teremos que aceitar isso, mas Muammar sempre estará nos nossos corações".
A incrível reviravolta da Al Jazeera, que antes era uma voz que criticava as guerras imperialistas de agressão no Iraque, no Afeganistão e na Palestina, passou a apoiar abertamente o mesmo tipo de agressão contra a Líbia, Síria e até mesmo agora contra as nações progressistas da América Latina foi talvez o maior golpe de propaganda que presenciei em toda a minha vida.
Cooptando o apoio da fiel audiência árabe que tinha no Ocidente, cujas vozes ganharam especial proeminência durante a moda da assim chamada "Primavera Árabe", representou um passo importante no sentido de unir todos os círculos progressistas no Ocidente na criminalização de Qaddafi, quando, na verdade, esses círculos deveriam ter enaltecido a não tão na moda Jamahiriya, e conhecido mais a respeito dela.
Agora todas as cartas estão na mesa.
O diretor geral da Al Jazeera Wadah Khanfar foi demitido, como consequência da divulgação pelo Wikileaks de cabos que mostraram que ele recebia ordens de ninguém menos do que a CIA. Ele foi substituído por um membro da família real do Qatar, que se comprometeu completamente na guerra contra os seus outros irmãos e irmãs árabes na Líbia.
Mas independentemente do fato do papel da Al Jazeera estar claro como o dia agora, ela continua a influenciar, impávida, com os mesmos truques, uma platéia ocidentalizada sensível aos argumentos liberais com as suas estórias sobre como a maior tragédia dos povos dos estado soberanos do Sul Global é a ausência de democracia.
Pelo menos no Ocidente essa democracia falhou.
O interesse da Al Jazzera na defesa desta ideologia é evidente: o Qatar hospeda a maior base militar no Oriente Médio do CENTCOM (Comando Central das Forças Armadas dos EUA) e são, é claro, amigos íntimos.
Ao sair do Hotel Rixos, onde fiquei retida por 5 dias, tive o mais surrealista e provavelmente o pior dia da minha vida.
(foi um dia ruim...)
A cidade segura e hospitaleira, cheia de vida e calorosa, na qual eu tinha andado nos dias anteriores se transformara. Ela estava em ruínas e não se podia olhar para nenhuma direção sem ver armas de todos os calibres.
Muitas pessoas tinham buscado refúgio, sido mortas, e milhares tinham fugido. E as pessoas que eu tinha conhecido e que ficaram, que foram as mesmas pessoas que me ajudaram a conhecer a gloriosa história recente da Líbia de Gadafi, estavam inevitavelmente traumatizadas e em completo estado de choque.
A Líbia alcançou a condição, como disse Dan, de país com os maiores padrões de vida na África: um alto grau de alfabetização, sistemas de saúde e educação gratuita para todos, um status elevado da mulher na sociedade, e o grau mais elevado de igualdade para a grande parcela da população negra em toda a África do Norte e Oriente Médio. Esses 40 anos de resultados revolucionários foram agora anulados.
E para quê?
Há um ano atrás, após guerras sangrentas no Iraque e Afeganistão, e com a crescente crise econômica das nações imperialistas, parecia uma possibilidade remota que o Ocidente tivesse a capacidade para embarcar em mais uma guerra dispendiosa e embaraçosa.
Parecia que a hegemonia do Ocidente estava chegando, rapidamente, ao fim. Como disse o irmão próximo de Qaddafi, Hugo Chávez, na sua mensagem recente à Assembléia Geral da ONU, "Neste momento existe uma séria ameaça à paz global", disse ele, "um novo ciclo de guerras coloniais, que começou na Líbia, com o objetivo sinistro de renovar o sistema capitalista global".
Ele sabe que o seu país será um alvo nesse ciclo exatamente pela mesma razão que usaram na Líbia e estão usando agora na Síria.
Na ausência de uma mídia efetiva anti-imperialista, que desafie e desnude os truques que o imperialismo perpetua através da sua mídia global, o desafio que todos os agentes progressistas devem empreender é defender os estados soberanos do Sul Global que, como a Líbia e a Síria representam uma pedra no sapato para o Ocidente.
Caso contrário, serão colhidos um por um, para servirem de combustíveis ao fogo voraz do imperialismo.
E com esta nota quero terminar, com o meu mais caro agradecimento à heróica resistência verde líbia que continua a espantar o mundo com a sua capacidade de conter a máquina militar mais poderosa do mundo.
Como Qaddafi disse, eles não estão defendendo apenas a Líbia, mas também a Síria, o Iran, a Argélia, o continente africano e todo o Sul Global.
Obrigada.

terça-feira, 13 de março de 2012

A utopia líbia e o feroz Imperialismo (I)

No dia 4 de outubro de 2011, uma terça-feira, convocada pela Coalisão Pare a Guerra de Oxford (Oxford Stop the War Coalition), foi realizada uma reunião pública no Oxford Town Hall, St Aldates, na cidade de Oxford, Reino Unido (Inglaterra).
Como conferencistas participaram o analista independente Dan Glazebrook, a jornalista Lizzie Phelan e o militante político e escritor Harpal Brar, que apresentaram a tão necessária análise, contrapropaganda e polêmica sobre o tema "Líbia, África e Imperialismo".
Inclusive Lizzie e Harpal haviam retornado recentemente da Líbia, fornecendo informações em primeira mão sobre a realidade do país, que estava sendo totalmente escondida e deturpada pelos jornalistas da Grande Mídia Internacional, sócios da empreitada imperialista pela retomada do território e das riquezas líbias para a colonização dos europeus e norte-americanos, depois de 40 anos de um regime nacionalista líbio que os havia expulsado junto com suas bases militares em 1969 e realizado um dos maiores milagres econômico-político-sociais da história da humanidade, tornando o mais pobre país da África no mais rico e humanitário e que ainda estava ativamente empenhado na união dos povos africanos para acabar com seus 500 anos de escravidão e colonização.
Pouco mais de 2 semanas após a realização desta conferência, a Otan, depois de décadas de tentativas frustradas, assassinava por linchamento o Chefe do Estado Líbio Muammar Qaddafi, o grande líder e idealizador dessa utopia líbio-africana (a Jamarihiya), um dos maiores humanistas já surgidos na história, reconhecido e amado por 95% dos líbios, vilipendiado e demonizado com acusações totalmente falsas desde 1969 pelos órgãos de inteligência e de comunicação (Grande Mídia) do império anglo-europeu-americano.
Qaddafi morreu de modo atroz pelas mãos dos “bárbaros civilizados”, como também morreram Giordano Bruno, Ernesto “Che” Guevara e o próprio Jesus Cristo e muitos outros grandes homens demonizados pelos poderosos de sua época e acusados de crimes que não cometeram, por terem sim cometido aquele que os verdadeiros trevosos demoníacos consideram o maior dos crimes: lutar pela dignidade e pelos direitos humanos de todos os seres humanos, de corpo e espírito, pela justiça, no rumo da luz.
Nestes tempos da Internet que derruba as barreiras físicas da distância para o acesso à informação e à comunicação, as mentiras tendem a ter vida curta, diante do pensamento crítico e questionador que rapidamente se espalha pelo mundo todo, ainda que a grande maioria dos internautas, a “Grande Manada”, se mantenha cativa conectada preferencial e bovinamente à Grande Mídia Internacional de entretenimento e desinformação.
As grandes safadezas dos poderosos do mundo, agrupados em várias máfias para manter na exploração e na ignorância a maioria da população, são desmascaradas e denunciadas em milhares de blógues, sítios, textos, áudios e vídeos disponíveis na Internet: as máfias dos banksters que rapinaram e pilharam trilhões de dólares da população; as máfias da Nova Ordem Mundial que criaram e patrocinaram o Al-Qaeda e o atentado às Tôrres Gêmeas por fanáticos da Arábia Saudita justificando a invasão e massacre de outros países inocentes e preservando intacta a feroz e centenária Ditadura Saudita; a falsa morte sem corpo de Bin Laden em 2011 no Paquistão (que evidências apontam ter morrido de doença renal em 2001); as falsas acusações contra Qaddafi, desde os atentados de Lockerbie e Berlim até os massacres e valas comuns contra sua própria população (que na verdade o admirava e por ele tinha gratidão); as falsas qualificações de “rebeldes líbios combatentes pela liberdade” aos bandos sanguinários e mercenários que hoje praticam atrocidades contra os cidadãos líbios, conforme milhares de vídeos espalhados pelo Youtube e outros sítios; as falsas acusações contra a Síria, o Irã e a Palestina, tentando justificar nesses países uma repetição da invasão e massacre da Líbia.



Este vídeo foi filmado, editado e legendado por © Harry Fear (http://HarryFear.tv)


A Líbia a África e o Imperialismo:
Dan Glazebrook, Lizzie Phelan e Harpal Brar

Transcrição do vídeo para a língua portuguesa

Parte I

Dan Glazebrook
(de 0:00:11 a 0:16:45)


A imagem que vemos da África na mídia, de um continente acometido de pobreza, embora tenha, obviamente, elementos de verdade, oculta o fato de que nos últimos 500 anos a África tem sido uma peça fundamental para o crescimento da economia global.
Obviamente, lembrando do fato de que a força de trabalho escrava retirada da África para fornecer força de trabalho às plantações de açúcar, tabaco e algodão do Caribe, deu ao capital nascente a futura base para a Revolução Industrial.
No século 19, com a mineração de ouro e diamantes, de novo, realizado por uma força de trabalho barata, frequentemente escrava ou semi-escrava.
E hoje, de muitas maneiras, ocorre o mesmo, a África ainda provê uma imensa riqueza para as empresas financeiras e corporações ocidentais através das lavouras de sua propriedade -- todos sabemos os escândalos das plantações de côco em que trabalhadores infantis com os corpos cobertos de ferimentos provocados por facões são forçados, essencialmente por razões econômicas, a trabalhar no campo o dia inteiro, e os minérios, saqueados até hoje por empresas multinacionais que, através dos governos ocidentais, utilizam-se de regimes-fantoches como Ruanda ou Uganda, para roubar a riqueza mineral de lugares como o Congo.
Então, quando pensamos na África, é a imagem da África Sub-Saariana que normalmente nos vem, mas obviamente a África tem também uma região ao norte da região saariana. E desde que os ingleses tomaram vários países norte-africanos e árabes das mãos do Império Otomano, impuseram um sistema de dirigentes ou monarcas fantoches para, acredito eu ser uma das razões, manter o continente desunido entre o Norte e o Sul.
E em 1969, quando Qaddafi permitiu que a revolução derrubasse o Rei Idris, apoiado pelos ingleses, a Líbia tornou-se o último país, juntamente com o Egito e o Iraque, a derrubar as monarquias fantoches impostas pelos britânicos.

Uma das primeiras coisas que o novo governo da Líbia fez que realmente irritou o Ocidente foi retirar as bases militares estadunidentes e inglesas de solo líbio. E isto foi muito importante, não foi apenas um ato simbólico.
Eu vou ler para vocês um trecho do livro de Jonathan Bearman, de 1986, um dos raros estudos acadêmicos da Líbia de Qaddafi. Ele diz: "Para os patrocinadores estratégicos da Líbia, Grã-Bretanha e EUA, o rumo anti-colonialista tomado pelas novas autoridades teve seu mais imediato e devastador impacto na eliminação das suas bases militares. Isto não foi de pouca significação.As instalações militares estadunidenses e britânicas na Líbia acrescentavam uma dimensão extra à aliança Ocidente/Otan. Particularmente no que se refere a uma possível intervenção militar na região. O alcance em torno das bases de Wheelus e Al Adem era único no escopo oferecido para exercícios militares.
O benefício que a Força Aérea dos EUA e a Real Força Aérea obtiveram foram as condições quase perfeitas para vôos curtos na Cirenaica, onde os britânicos tinham acesso ao terreno, ideal para a prática de manobras em grande escala.De forma de isso teve grande significação e indicou claramenate o tipo de atitude contra as antigas potências coloniais que o novo regime líbio iria adotar."
Em 1973 essa atitude voltou a ser exibida com a famosa decisão da OPEP de cortar o fornecimento de petróleo ao Ocidente no contexto da guerra entre árabes e israelenses. Essa decisão ficou famosa.
O que poucos sabem desse evento bem conhecido é que Qaddafi tinha participado ativamente da sua concepção, o que, obviamente, afetou muito a exploração ocidental na região.
Em 1979 o regime líbio embarcou numa espécie de socialização da economia de uma forma diferente da soviética.
De novo, lerei um trecho do mesmo livro, como antes: "O que realmente ocorreu, depois da expropriação dos capitalistas, não foi o controle direto do Estado mas um processo de corporativização, dentro do qual foram criados Congressos Vocacionais trabalhistas, abarcando toda a força de trabalho, e investidos do controle da produção. Os fundamentos da gestão, anteriormente responsabilidade das pessoas nomeadas pelos proprietários, foram confiados a um Comitê Popular escolhido pelos membros do Congresso Vocacional do Povo geralmente entre os colegas de trabalho, algumas vezes sem a participação de consultores especialistas e técnicos."
De modo que estes eram os novos fundamentos da nova economia líbia de fins dos anos 70.
Em parte devido a isso e pela utilização habitual da riqueza decorrente do petróleo, em obras de infra-estrutura, como o famoso projeto hídrico da Líbia, a Líbia deixou de ser um dos países mais pobres do mundo, nos anos 50 e 60, para, em 2010, alcançar a liderança entre os países africanos no Índice de Desenvolvimento Humano da ONU. A maior expectativa de vida do continente, a menor taxa de mortalidade infantil, e assim por diante.
Do ponto de vista do Ocidente, isso não representava, obviamente, um bom modelo que eles desejassem que outras ex-colônias seguisse.
E no início da década de 80 houve literalmente dezenas de tentativas de golpe com o apoio do MI6 e outros.
Todos falharam na tentativa de derrubar Qaddafi. Em 1996, sabemos agora pelo depoimento de David Shayler, que o MI6 pagou à Al-Qaeda para matar Qaddafi, o que de novo acabou fracassando. A notícia foi judicialmente impedida de ser divulgada na Inglaterra mas foi amplamente divulgada na imprensa australiana quando essa notícia surgiu, há alguns anos atrás.
Com relação à época atual, Qaddafi foi uma peça-chave -- talvez "a" peça-chave -- por trás da fundação da União Africana.
Há 10 anos atrás, a Líbia financiou o primeiro satélite africano. Em 2007 ele custou 4 milhões de libras, 3 milhões dos quais foram dados pela Líbia. Isto significou que as empresas européias, cujos satélites eram usados para as ligações entre a África e os demais continentes, foram postas de lado, e enormes rendimentos foram perdidos por essas empresas de telecomunicações.
De forma que ele continuou uma pedra no sapato da exploração do continente. E isto ficou particularmente evidente quando a União Africana começou a desenvolver seriamente, nos últimos anos, instituições financeiras, três instituições-chave: o Fundo Monetário Africano foi estabelecido juntamente com o Banco Africano de Desenvolvimento para rivalizar com a hegemonia do FMI no continente. Quem já ouviu falar na chamada Dívida do Terceiro Mundo sabe que o FMI usava o mecanismo da dívida para forçar políticas de privatização neoliberais para facilitar a retirada das riquezas do Terceiro Mundo. Estas instituições teriam ameaçado seriamente o controle do FMI sobre o continente, assim como também teria feito o Banco Central Africano também estabelecido pela União Africana que se preparava para lançar a sua própria moeda lastreada no ouro, o Dinar Africano.
A Líbia era, de longe, o maior financiador de todos estes projetos, entrando com 30 bilhões de dólares, muito mais do que a contribuição de qualquer outro país do continente.
Portanto isto representou uma ameaça real não apenas à exploração hegemônica do FMI na África, mas também ao papel do dólar e do franco CFA, como as principais moedas comerciais usadas no continente.
Portanto o duplo papel da África na economia global capitalista imperialista dos últimos 500 anos ficou sob séria ameaça com Qaddafi e com a liderança da Líbia na União Africana.
Esse domínio também foi ameaçado recentemente, e ainda é, pelos investimentos chineses maciços investimentos em infraestrutura e indústria em África. Se a África se industrializar e fabricar os seus próprios produtos, então isso ameaçaria o papel atribuído ao continente pelas instituições financeiras ocidentais de ser apenas um produtor de matérias-primas que vende matérias baratas para o Ocidente que fabrica produtos e os vende depois no continente por preços extorsivos.
Então pela primeira vez nos últimos 10 anos uma verdadeira independência econômica da África surgia no horizonte e Qaddafi foi uma das principais forças por trás disso. É aqui que entra o AFRICOM. Em 2007 os EEUU criaram o seu próprio comando voltado especificamente para ações militares no continente.
O problema para os EEUU é que nenhum país queria sediar esse comando, nenhum país queria ceder bases para os EEUU para que abrigasse essa nova iniciativa estadunidense que era basicamente uma forma dos EEUU fortalecerem seu próprio domínio econômico através da força militar.
E, de novo, Qaddafi foi importante aqui, foi quem propôs uma moção à União Africana estabelecendo que nenhum país africano permitiria uma base estadunidense em seu próprio território, moção que foi aprovada em 2010. Além disso, numa postura de reciprocidade, o que aconteceria se os estadunidenses oferecessem certa quantia a um país africano, para instalar a base, então o Qaddafi diria "Bem, ofereceram 10 milhões a você?" "Nós daremos 20 milhões para avisar para eles se retirarem".
Então, isso foi uma grande dor-de-cabeça para os governos estadunidense, britânico e francês e para as corporações financeiras que eles representam.
Então isso nos traz à Guerra da Líbia. Uma das coisas mais lamentáveis sobre esta guerra é a forma com que se repetiu constantemente o refrão sobre "salvar civis" usado para encobrir... pense nisso... o que significa dizer "vamos bombardear um país" "mas vamos salvar civis".
O que isso significa é que vamos massacrar cada membro deste exército. E foi exatamente isso que aconteceu desde o primeiro dia da intervenção da Otan, todo o exército líbio, que como a maioria dos países africanos tem uma população jovem, jovens que não chegam aos vinte, sendo mortos às centenas de milhares, noite após noite. Eles nunca ocuparam outro país, nunca invadiram ninguém e ainda assim estão sendo atacados.
Em 6 semanas já aparecia no The Telegraph uma reportagem dizendo que oficiais britânicos no exército diziam que pelo menos 35.000 líbios já tinham sido mortos pela Otan. Mas eles são soldados, eles não contam, não são notícia, só os civis, cujas vidas é que, supostamente, têm algum valor.
O outro elemento lamentável do que está ocorrendo é o racismo que foi muito bem documentado no movimento rebelde logo no segundo dia do levante mesmo antes da intervenção da Otan. Cinquenta imigrantes africanos foram mortos pelos assim chamados "rebeldes" e os "rebeldes" passaram a caçar africanos negros na Líbia desde então. Existe uma brigada em Misrata que se intitula "A brigada para eliminar negros". A cidade negra -- que é uma cidade de líbios negros, não de imigrantes negros, neste caso -- de Tawarga teve todos os seus 10.000 habitantes mortos ou expulsos de Tawarga depois de os líderes "rebeldes" terem dito que nada disso aconteceu em Tawarga, só em Misrata. Eles tiveram a bênção do líder do CNT, Jibril, que disse: "O que acontece em Tawarga não é de responsabilidade de ninguém a não ser do povo de Misrata" que foram os que praticaram a matança, de novo, torturando sistematicamente cada habitante até que todos os que escaparam fugissem.
Então a pergunta é: porque a Otan pôs estas pessoas, especialmente, no poder? Porque eles embarcaram nesta blitzkrieg para pôr estes racistas no poder? E não é nenhum acidente, não é o feliz descuido de alguém, ou uma espécie de subproduto do que seria, originalmente, uma revolução genuinamente libertária.
Este racismo é um componente intrínseco das forças que a Otan tem cultivado na Líbia e que agora foram alçadas ao poder. E é uma parte essencial da sua estratégia de "dividir para conquistar" para evitar a unidade africana ao manter o norte isolado dos vizinhos do sul. E a melhor forma de alcançar isto é conduzindo ao poder supremacistas árabes anti-negros que é exatamente o que são os "rebeldes".
Para que os objetivos da Otan fossem alcançados, os racistas teriam que ser instalados no poder, teria que haver pessoas em que se pudesse confiar a tarefa de reverter a integração regional iniciada por Qaddafi, e que voltariam as costas aos vizinhos do Sudão e a todos os elos econômicos, a todas as alianças políticas e às alianças com a Europa e às alianças Norte-Sul com a África Subsaariana.
E foram precisamente os racistas que a Otan tem vindo a apoiar na Líbia há algum tempo. Por exemplo, Ali Zawique está no terceiro escalão do CNT, fez parte do governo de Qaddafi mas foi demitido por Qaddafi depois de ter defendido a idéia de que os negros eram um estorvo, que espalhavam doenças e crimes, etc., e disse isso tudo no despertar de alguns massacres contra negros que ocorreram em 2000.
De forma que estas são precisamente as pessoas que a Otan vem apoiando para subirem ao poder, não apesar de seu racismo, mas exatamente por serem racistas.
E de novo, a matança ou a expulsão da força de trabalho temporária líbia -- a Líbia depende muito dos trabalhadores migrantes africanos, eles eram quase 2 milhões -- terá obviamente um efeito devastador na economia líbia.
Portanto, para a Otan, o racismo ajuda-a a atingir os seus dois objetivos. Por um lado, um estado e economia líbios fracos, sem funcionalidade, e por outro, uma política externa anti-africanista.
Portanto, quero terminar dizendo... acho que o que também é interessante para nós, aqui, é refletir sobre a ausência de oposição a este clássico e evidente massacre imperialista, de nosso país (Inglaterra). Isto tem a haver conosco, com o nosso país. Eu acho que não somos uma nação de ignorantes como gostamos às vezes de fingir. Há coisas que há dez anos atrás pareceriam loucura e agora se transformaram em fatos corriqueiros.
Ou seja, número 1, o Ocidente massacra centenas de milhares de pessoas no Terceiro Mundo para tomar os seus recursos. Quem, depois do Iraque, pode afirmar que não é assim? Todo o mundo sabe que é assim.
Em segundo lugar, as instituições financeiras ocidentais se beneficiam com a manutenção da pobreza das populações do Terceiro Mundo, que são forçadas a trabalhar por migalhas em condições indignas. Quem não sabe disso depois dos protestos anti-globalização, dos protestos contra o FMI, contra a Organização Mundial do Trabalho? Depois de intermináveis programas na TV sobre as condições indignas de trabalho? Quem não conhece os mecanismos de extorsão da dívida externa do Terceiro Mundo, os locais de trabalho indignos, o trabalho infantil?
Quem pode alegar desconhecer estas coisas atualmente?
Acho que o véu caiu perante os nossos olhos nos últimos dez anos. E como resultado, talvez de forma ainda mais desesperada, buscamos que um velho manto nos cubra os olhos de novo para esconder a óbvia fonte de poder e riqueza do Ocidente, que se baseia em massacres, em exploração e nada mais.
E é porisso que engolimos qualquer mentira sobre qualquer líder do Terceiro Mundo para justificar a intervenção, não porque somos ignorantes, a respeito dos motivos reais mas exatamente porque estamos conscientes demais a respeito deles.
Obrigado.

quinta-feira, 8 de março de 2012

O mau-caratismo da ONU destruiu a Líbia

In(ter)venção na Líbia: falsos fatos foram fatais para Qaddafi

Do: Russia Today
Publicado em 02 de dezembro de 2011


Líbios inspecionam o santuário destruído do reverenciado clérigo Sidi al-Hammali no principal cemitério de Sirte (AFP Photo/Joseph Eid)


Transcrição do vídeo para a língua portuguesa:

"Não há qualquer evidência para justificar a guerra humanitária na Líbia", essa é a conclusão do cineasta e jornalista independente Julien Teil.

"No começo dessa história, nós tivemos algumas alegações que foram consideradas e ditas ao Conselho de Direitos Humanos da ONU e aquelas acusações nunca foram verificadas ou checadas", ele disse a Tesa Arcilla, da RT (RussiaToday). "E elas foram usadas também como material para o caso do TPI (Tribunal Penal Internacional, da ONU) contra a Líbia”.

Em 17 de março, a Resolução 1.973 do Conselho de Segurança da ONU foi aprovada, impondo uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia. As acusações eram de que Qaddafi tinha bombardeado seu próprio povo pelo ar e por terra, utilizado mercenários estrangeiros, ordenado o uso do estupro como arma e matado aos milhares.

"Eu não posso provar que não houve bombardeio. Tudo o que sei é que não há nenhuma evidência de bombardeio", diz Julien Teil. "Então eu entrevistei o homem que foi ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, Sliman Bouchuiguir".

Sliman Bouchuiguir era o ex-secretário-geral da Liga Líbia para os Direitos Humanos e é agora o embaixador da Líbia para a Suíça em Berna. Em 25 de fevereiro, ele foi ao Conselho dos Direitos Humanos para apresentar as alegações de sua organização dos crimes do governo de Qaddafi. Nessa sessão, foi tomada a decisão de suspender a participação da Líbia no Conselho.

Ele destacou o número de mortes: 6.000, incluindo 3.000 somente em Trípoli.

Quando Julien perguntou a Bouchuiguir como essas afirmações podem ser verificadas, ele apontou para os ex-rebeldes – agora o governo da Líbia – como sua fonte: "Eu obtive essa informação do primeiro-ministro líbio. O Sr. Mahmoud da Tribo Warfallah, que estava no outro lado do Conselho Nacional de Transição, foi quem me deu esses números”.

Julien perguntou-lhe: “Sobre aquele número de pessoas mortas você pode me dar alguma evidência?”. Bouchuiguir respondeu: "Não há nehuma evidência. O que eu posso lhe dizer é que não existem documentos”.

No entanto, ainda existem aqueles que defendem a intervenção da Líbia, como um ex oficial da inteligência francesa. "É muito provável que alguns crimes atribuídos a Gaddafi eram falsos ou exagerados", disse Claude Moniquet à RT. "Mas nós tínhamos todo o histórico de Qaddafi por 40 anos e Qaddafi era um terrorista, era um criminoso".

Em 27 de junho, o pedido do Procurador Luis Moreno Ocampo do Tribunal Penal Internacional para mandados de prisão contra Muammar Gaddafi, seu filho Saif al-Islam e seu chefe de inteligência foi confirmado. Julien Teil leu do começo ao fim as páginas do pedido de mandado de prisão, a maioria das quais foi censurada. Entre as páginas abertas ao público estavam listas de artigos para apoiar o caso, um dos quais era o discurso de 25 fevereiro de Bouchuiguir – aquela baseada nas informações que o próprio Bouchuiguir disse ter recebido do CNT.

Mas aqueles que levantaram questões se arriscaram a ser acusados de tomar o lado de um homem visto como um ditador brutal, já rotulado por algumas potências mundiais como "o mau da fita".

A lei internacional, mesmo os chefes de torcida da intervenção admitem, tende a ser sacrificada. "Eu vou te dizer uma coisa que não é politicamente correta", Claude Moniquet confessou à RT. "Eu não acredito tanto no direito internacional. É apenas uma ferramenta usada por um lado e por outro para fins políticos".

Independentemente disso, a questão de Julien é simplesmente esta: com tais sistemas jurídicos em vigor, quaisquer alegações, em primeiro lugar, deveriam ser cuidadosamente investigadas.

Uma questão que, ele espera, será ouvida antes da próxima "guerra humanitária" ser empreendida.