domingo, 4 de março de 2012

"Mercenários de Qaddafi": outra mentira

"Os mercenários de Qaddafi", outra escandalosa mentira espalhada pelas ONGs de Direitos Humanos em conluio com a Grande Mídia político-empresarial internacional para forçar a invasão e o massacre da Líbia.
Do: The Humanitarian War

Desde a intervenção da Otan em Kosovo, a suposta necessidade de desencadear a guerra para proteger a população civil mudou para uma Resolução das Nações Unidas, a R2P (Responsabilidade de Proteger), que estabelece um quadro jurídico em flagrante contradição com a natureza original do Direito Internacional previsto na criação da Organização das Nações Unidas.
Este filme tem como objetivo demonstrar o absurdo desta Resolução.
Para isso, apresenta-se como um apelo ao respeito à soberania e ao direito internacional, mas almeja também abordar aspectos destrutivos e insidiosos da guerra na Líbia e de certas vertentes da ação humanitária.
Trata-se, portanto, também, de um trabalho de investigação sobre as verdadeiras causas daquela guerra e sobre o papel das ONGs que apoiaram a intervenção da OTAN.


A Guerra Humanitária” é um filme rodado principalmente na Líbia durante os meses de julho e agosto de 2011, fruto do trabalho de Julien Teil, Mahdi Darius Nazemroaya e Mathieu Ozanon. Ainda incompleto, está hoje dividido em 5 vídeos, dentre os quais o abaixo.


Os Mercenários de Qaddafi e a Divisão da África
Produzido por Julien Teil
Escrito por Julien Teil e Mahdi Darius Nazemroaya
Teil and Nazemroaya noticiaram e reportaram de modo independente, diretamente de Trípoli, na Líbia, onde estavam durante a Primavera de 2011.

Transcrição do filme para a língua portuguesa:
AlJazeera: Batalha pela Líbia: Filmagem exclusiva das forças de Qaddafi. Forças de Qaddafi no campo de batalha
France 24: Pauline Simonet enviada especial a Ajdabiya, Líbia: as forças de Qaddafi... Qaddafi não atacará mais Benghazi, mas a sitiará.

Embora a guerra da OTAN na Líbia seja sempre mostrada como uma intervenção humanitária, a mídia segue referindo-se ao exército regular líbio como as "tropas de Qaddafi":
The Telegraph.uk: Líbia: forças de Qaddafi se recuperam depois do chamado para livrar Trípoli de "traidores". Forças de Muammar Qaddafi realizaram uma recuperação através da Líbia poucas horas depois que ele as exortou a se levantarem e livrarem o país dos "demônios e traidores".
Libération.fr: As forças de Qaddafi tentam recuperar Gawalesh
Aljazeera.com: Forças de Qaddafi atacam instalações de petróleo da Líbia
L'Express.fr: Líbia: as forças de Qaddafi bombardeiam Misrata

Da mesma maneira, a expressão "as brigadas de Assad" tem sido usada para identificar o exército da Síria. Esta ambígua terminologia foi e continua sendo utilizada pela mídia para retirar a legitimidade dos povos líbio e sírio e seus respectivos exércitos:
The Telegraph – Blog Michael Weiss Assad envia seus esquadrões da morte. Estudantes do Líbano e de Ruanda, tomem nota por Michael Weiss mundo 31 de julho de 2011
Haaretz.com Relatório: cinco mortos na Síria quando as forças de Assad confrontam com desertores do exército. O Observatório Sírio de Direitos Humanos diz que as tropas leais ao regime do presidente Bashar Assad, armados com metralhadoras pesadas, alvejam casas particulares
Ynet news.com: Oposição síria: forças de Assad "preparadas para o ataque" ao centro dos protestos Oposição síria, alertou na sexta-feira que milhares de soldados e milícias leais regime têm cercado o centro dos protestos de Homs, preparados para lançar o que pode ser um assalto final sangrento para esmagar a dissidência. O Conselho Nacional da Síria, disse em um comunicado enviado à AFP em Nicósia que o regime do Presidente Bashar Assad estava usando o pretexto do que chamou de ataque "terrorista" em um oleoduto para aniquilar a área central dos protestos . O regime está pavimentando o caminho para cometer um massacre...

Depois disso, a mídia – apoiada por notórios "anjos" (patrocinadores invisíveis) – espalhou a informação de que as forças militares de Qaddafi tinham sido reforçadas com grupos de mercenários africanos:
BBC World News.uk: Tuaregs "juntam-se aos mercenários de Qaddafi". Membros da comunidade tuaregue no Mali dizem que um grande número de homens do grupo étnico Tuareg deixou Mali na última semana para juntar-se às forças pró-Qaddafi na Líbia
The Guardian.uk: Qaddafi desencadeou uma força mercenária na Líbia? Relatos descrevem tropas de negros falando francês, mas observadores advertem que poderiam ser apenas imigrantes sub-saarianos no exército
Depois disso, a mídia – apoiada por notórios anjos – espalhou a informação de que as forças militares de Qaddafi tinham sido reforçadas com grupos de mercenários africanos:
Al Jazeera TV: forças abrem fogo em funeral. Mercenários atiram na população na cidade do leste de Benghazi.Mercenários africanos atirando nas pessoas em Benghazi.Há mercenários trazidos daquele país para a Líbia atirando na população em Benghazi

Geneviève Garrigos, presidenta da Anistia Internacional–França, foi convidada para falar ao canal France 24 em 22 de fevereiro de 2011, um dia após o então designado Exército Líbio atacar os civis. Esta informação tem sido desde então contradita por numerosos fatos e testemunhos:
Geneviéve Garrigos: Sexta e sábado tivemos informações de que nas forças de Qaddafi enviadas contra os manifestantes poderiam ter estado mercenários estrangeiros, a fim de acelerar o processo opressivo.
Geneviève Garrigos alegou ter informação sobre mercenários estrangeiros a serviço do Exército da Líbia. Tal alegação também foi apresentada pelo Dr. Soliman Bouchuiguir, presidente da Liga Líbia de Direitos Humanos no Conselho de Direitos Humanos da ONU:
Soliman Bouchuiguir: Estes mercenários parecem ter carta branca para pilhar e matar todos os civis, sem distinção.
Contudo, passados 5 meses, e após uma investigação levada a cabo na Líbia por Donatella Rovera, a posição de Geneviève Garrigos foi completamente diferente:
Jornal: "Libia: Anistia acusa os Rebeldes de tortura e abusos"
Cartaz: "50 anos de ANISTIA INTERNACIONAL"
Repórter: Olá Geneviéve Garrigos, você é a presidente da Anistia na França. Eu gostaria de discutir alguns assuntos com você...
Donatella Rovera, consultora sobre como responder à crise na Anistia Internacional passou 3 meses na Líbia. Ela observou a prisão de civis líbios e estrangeiros por parte do Conselho de Transição, que apresentou-os como mercenários. O que você pode nos dizer sobre isso?

Genevieve Garrigos: efetivamente, desde o início da organização e preparação para combate contra as tropas de Qaddafi, havia rumores de forças mercenárias agindo em favor de Qaddafi. No entanto, nossos investigadores que chegaram em meados de fevereiro e saíram no final de junho, constataram que havia apenas algumas pessoas encarceradas. Mas eles nem sequer foram incriminados.
Na verdade, os rumores estavam em sua maioria acusando pessoas de cor escura ou negros. Eles poderiam ser líbios - uma vez que os líbios vivendo no sul não necessariamente tem o tipo árabe - ou estrangeiros.
Isso criou uma espécie de medo e xenofobia, que conduziu a espancamentos, maus tratos e umas poucas prisões. Mas hoje temos de admitir que não temos nenhuma evidência concreta do emprego de forças mercenárias por Qaddafi.

Repórter: A sua colega acrescenta que ela não viu nenhum mercenário e que é uma lenda espalhada pelos meios de comunicação. Você pode confirmar essa afirmação?

Genevieve Garrigos: Absolutamente! O trabalho de Donatella – e isto é por que nós enviamos investigadores cedo - foi para verificar se realmente nós encontrávamos mercenários. E não encontramos.
Por exemplo, ela cita o caso de um jovem argelino, cujo patrão teve de testemunhar que ele trabalhava em uma padaria, porque ele era suspeito de ser um mercenário.
Atualmente não temos nenhum sinal nem evidências concretas para corroborar esses rumores.

Geneviéve Garrigos: Sexta e sábado temos informações que nas forças de Qaddafi enviadas contra os manifestantes poderiam ter estado mercenários estrangeiros... havia rumores de forças mercenárias...
A mesma fonte agora classifica de boato o que antes considerou uma informação. O período de cinco meses entre as duas entrevistas permitiu que a Anistia Internacional realizasse uma investigação. Mas já era tarde demais, pois o rumor já havia sido propagado pela mídia - pelo canal 24 França - graças à primeira afirmação de Garrigos.
Estes boatos tiveram resultados trágicos: ao serem retratados como mercenários, líbios negros foram e são assassinados. Este documento, publicado por uma televisão líbia, revelou que líbios negros membros do Exército oficial foram assassinados sob esta alegação, usada como justificativa pública. Porém, todas as provas mostram que este homem [mostrado nas fotos] é definitivamente líbio.
Líbio negro: Meu filho é o mártir Hisham Mansur Abuajila Saleh. Graduou-se na Escola Secundária Militar. Ele foi assassinado pelos criminosos. Que sejam banidos por Deus.
Este componente racial na guerra da Líbia foi na verdade calculado e orquestrado para executar um projeto político de reestruturação. Trata-se de um projeto que, ao impor ódio e divisões entre os líbios, completa a divisão entre brancos e negros. Como denunciado pelo professor Samuel Phillips Huntington, tal projeto almeja utilizar as chamadas linhas divisórias da civilização:
Samuel Huntington: As civilizações são, em primeiro lugar, o Ocidente, composto principalmente pelos norte-americanos e os europeus ocidentais; os islamitas; os ortodoxos, cujo líder é a Rússia; os chineses; os hindús, sendo a Índia o maior país; e, para muitos, o Japão. Eu incluiria também a América Latina e a África.
Eis uma divisão geopolítica a serviço dos interesses norte-americanos que querem dividir a África de acordo com os planos do seu Departamento de Estado que, juntamente com a OTAN, pretendem a balcanização do continente africano. A Líbia é um país árabe, mulçumano e africano. O projeto da União Africana apoiado e conduzido por Qaddafi, portanto, estava atrapalhando a OTAN. A unificação dos países da África capacitá-los-ia para se libertarem do domínio colonialista. Do mesmo modo, o projeto do Satélite RASCOM, lançado em 21 de setembro de 2007, possibilitou a independência africana, até certo ponto, em relação à comunicação. O continente, portanto, só poderá resistir ao imperialismo se permanecer unido e indiferente às propagandas da mídia e da OTAN. Até onde se sabe sobre os "anjos" (patrocinadores invisíveis) dos Direitos Humanos, esses "anjos" (patrocinadores invisíveis) são peças indispensáveis do sistema imperialista.



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