quinta-feira, 8 de março de 2012

O mau-caratismo da ONU destruiu a Líbia

In(ter)venção na Líbia: falsos fatos foram fatais para Qaddafi

Do: Russia Today
Publicado em 02 de dezembro de 2011


Líbios inspecionam o santuário destruído do reverenciado clérigo Sidi al-Hammali no principal cemitério de Sirte (AFP Photo/Joseph Eid)


Transcrição do vídeo para a língua portuguesa:

"Não há qualquer evidência para justificar a guerra humanitária na Líbia", essa é a conclusão do cineasta e jornalista independente Julien Teil.

"No começo dessa história, nós tivemos algumas alegações que foram consideradas e ditas ao Conselho de Direitos Humanos da ONU e aquelas acusações nunca foram verificadas ou checadas", ele disse a Tesa Arcilla, da RT (RussiaToday). "E elas foram usadas também como material para o caso do TPI (Tribunal Penal Internacional, da ONU) contra a Líbia”.

Em 17 de março, a Resolução 1.973 do Conselho de Segurança da ONU foi aprovada, impondo uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia. As acusações eram de que Qaddafi tinha bombardeado seu próprio povo pelo ar e por terra, utilizado mercenários estrangeiros, ordenado o uso do estupro como arma e matado aos milhares.

"Eu não posso provar que não houve bombardeio. Tudo o que sei é que não há nenhuma evidência de bombardeio", diz Julien Teil. "Então eu entrevistei o homem que foi ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, Sliman Bouchuiguir".

Sliman Bouchuiguir era o ex-secretário-geral da Liga Líbia para os Direitos Humanos e é agora o embaixador da Líbia para a Suíça em Berna. Em 25 de fevereiro, ele foi ao Conselho dos Direitos Humanos para apresentar as alegações de sua organização dos crimes do governo de Qaddafi. Nessa sessão, foi tomada a decisão de suspender a participação da Líbia no Conselho.

Ele destacou o número de mortes: 6.000, incluindo 3.000 somente em Trípoli.

Quando Julien perguntou a Bouchuiguir como essas afirmações podem ser verificadas, ele apontou para os ex-rebeldes – agora o governo da Líbia – como sua fonte: "Eu obtive essa informação do primeiro-ministro líbio. O Sr. Mahmoud da Tribo Warfallah, que estava no outro lado do Conselho Nacional de Transição, foi quem me deu esses números”.

Julien perguntou-lhe: “Sobre aquele número de pessoas mortas você pode me dar alguma evidência?”. Bouchuiguir respondeu: "Não há nehuma evidência. O que eu posso lhe dizer é que não existem documentos”.

No entanto, ainda existem aqueles que defendem a intervenção da Líbia, como um ex oficial da inteligência francesa. "É muito provável que alguns crimes atribuídos a Gaddafi eram falsos ou exagerados", disse Claude Moniquet à RT. "Mas nós tínhamos todo o histórico de Qaddafi por 40 anos e Qaddafi era um terrorista, era um criminoso".

Em 27 de junho, o pedido do Procurador Luis Moreno Ocampo do Tribunal Penal Internacional para mandados de prisão contra Muammar Gaddafi, seu filho Saif al-Islam e seu chefe de inteligência foi confirmado. Julien Teil leu do começo ao fim as páginas do pedido de mandado de prisão, a maioria das quais foi censurada. Entre as páginas abertas ao público estavam listas de artigos para apoiar o caso, um dos quais era o discurso de 25 fevereiro de Bouchuiguir – aquela baseada nas informações que o próprio Bouchuiguir disse ter recebido do CNT.

Mas aqueles que levantaram questões se arriscaram a ser acusados de tomar o lado de um homem visto como um ditador brutal, já rotulado por algumas potências mundiais como "o mau da fita".

A lei internacional, mesmo os chefes de torcida da intervenção admitem, tende a ser sacrificada. "Eu vou te dizer uma coisa que não é politicamente correta", Claude Moniquet confessou à RT. "Eu não acredito tanto no direito internacional. É apenas uma ferramenta usada por um lado e por outro para fins políticos".

Independentemente disso, a questão de Julien é simplesmente esta: com tais sistemas jurídicos em vigor, quaisquer alegações, em primeiro lugar, deveriam ser cuidadosamente investigadas.

Uma questão que, ele espera, será ouvida antes da próxima "guerra humanitária" ser empreendida.

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