ESTADÃO: DOIS PESOS...
Leia entrevista com a psicanalista Maria Rita Kehl ao Portal Terra. Ela era colunista do jornal "O Estado de S. Paulo" e foi demitida dia 06 de outubro, após publicar um artigo em que elogia o programa Bolsa Família e critica a tentativa de desvalorizar o voto dos cidadãos pobres e humildes nesta eleição.
O Estadão se diz "há 433 dias sob censura" por ordem judicial referente a um processo sobre Sarney que corre em segredo de justiça. Sempre defendeu a sua liberdade empresarial, dizendo que ela era a liberdade de imprensa e de expressão de todos os brasileiros. Quem trabalha em suas Redações sabe muito bem como é a real "falta de liberdade" que ele pratica internamente com seus jornalistas.
O Estadão se diz "há 433 dias sob censura" por ordem judicial referente a um processo sobre Sarney que corre em segredo de justiça. Sempre defendeu a sua liberdade empresarial, dizendo que ela era a liberdade de imprensa e de expressão de todos os brasileiros. Quem trabalha em suas Redações sabe muito bem como é a real "falta de liberdade" que ele pratica internamente com seus jornalistas.
Por Bob Fernandes
A psicanalista Maria Rita Kehl foi demitida pelo Jornal O Estado de S. Paulo depois de ter escrito, no último sábado (2), artigo sobre a "desqualificação" dos votos dos pobres. O texto, intitulado "Dois pesos...", gerou grande repercussão na internet e mídias sociais nos últimos dias.
Leia abaixo a entrevista.
Leia abaixo a entrevista.
Terra Magazine - Maria Rita, você escreveu um artigo no jornal O Estado de S.Paulo que levou a uma grande polêmica, em especial na internet, nas mídias sociais nos últimos dias. Em resumo, sobre a desqualificação dos votos dos pobres. Ao que se diz, o artigo teria provocado conseqüências para você...
Maria Rita Kehl - E provocou, sim...
- Quais?
- Fui demitida pelo jornal O Estado de S.Paulo pelo que consideraram um "delito" de opinião.
- Quando?
- Quando?
- Fui comunicada ontem (quarta-feira, 6).
- E por qual motivo?
- E por qual motivo?
- O argumento é que eles estavam examinando o comportamento, as reações ao que escrevi e escrevia, e que, por causa da repercussão (na internet), a situação se tornou intolerável, insustentável, não me lembro bem que expressão usaram.
- Você chegou a argumentar algo?
- Você chegou a argumentar algo?
- Eu disse que a repercussão mostrava, revelava que, se tinha quem não gostasse do que escrevo, tinha também quem goste. Se tem leitores que são desfavoráveis, tem leitores que são a favor, o que é bom, saudável...
- Que sentimento fica para você?
- Que sentimento fica para você?
- É tudo tão absurdo...a imprensa que reclama, que alega ter o governo intenções de censura, de autoritarismo..
- Você concorda com essa tese?
- Você concorda com essa tese?
- Não, acho que o presidente Lula e seus ministros cometem um erro estratégico quando criticam, quando se queixam da imprensa, da mídia, um erro porque isso, nesse ambiente eleitoral pode soar autoritário, mas eu não conheço nenhuma medida, nenhuma ação concreta, nunca ouvi falar de nenhuma ação concreta para cercear a imprensa. Não me refiro a debates, frases soltas, falo em ação concreta, concretizada. Não conheço nenhuma, e, por outro lado...
- Por outro lado...?
- Por outro lado...?
- Por outro lado a imprensa que tem seus interesses econômicos, partidários, demite alguém, demite a mim, pelo que considera um "delito" de opinião. Acho absurdo, não concordo, que o dono do Maranhão (Senador José Sarney) consiga impor a medida que impôs ao jornal Estado de S.Paulo, mas como pode esse mesmo jornal demitir alguém apenas porque expôs uma opinião? Como é que um jornal que está, que anuncia estar sob censura, pode demitir alguém só porque a opinião da pessoa é diferente da sua?
- Você imagina que isso tenha algo a ver com as eleições?
- Você imagina que isso tenha algo a ver com as eleições?
- Acho que sim. Isso se agravou com a eleição, pois, pelo que eles me alegaram agora, já havia descontentamento com minhas análises, minhas opiniões políticas.
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