Por Avani
Sem falar no sucesso do governo, Lula é um presidente diferente em muitos aspectos. E é sobre uma diferença especial, que o torna tão singular, que quero falar.
Dizer como é inteligente, competente, talentoso, bom negociador e gestor, sensível, didático, do domínio que tem da linguagem, expressando-se com clareza, criando metáforas, comparações inusitadas, alegorias insólitas, isso todo mundo sabe, principalmente os seus adversários.
O que eu quero falar é que pelo fato de ele ter vindo do que convencionou-se chamar de "povo", ou seja, das classes menos favorecidas, a base da pirâmide social, que até há pouco formavam o grosso da população brasileira*, pelo fato de Lula reconhecer-se assim e ser um representante legítimo dessa classe, ele o é da forma mais natural possível. Essa classe que ele representa é tão diferente dos outros governantes - os quais identidade nenhuma ou quase nenhuma têm com a maior parte da população - que eu fico sempre admirada quando essa diferença aponta com tanta naturalidade.
A primeira-dama
Diferentemente das esposas dos governantes que não partiram (ou não se alinharam na defesa de) dos mais humildes, e que carregam o sobrenome do marido como atributo, cargo e passaporte, Marisa Letícia é simplesmente Marisa Letícia. Ao contrário de Rosana Collor, Marli Sarney, Lu Alckimim, Mônica Serra, que trazem a tiracolo o sobrenome e se fazem famosas por ele, Marisa Letícia não: é simplesmente Marisa Letícia, ou ainda Marisa. Com toda naturalidade. E todo mundo sabe quem é.
Em todos os lugares em que Lula se apresenta, ela está junto: companheira, militante, discreta. E simples. Essa simplicidade não apenas faz de Lula um presidente diferente, como também é resultado da postura diferente do casal perante a nação brasileira: ele é o Lula, ela a Marisa.
* Com a ascensão de 31 milhões de brasileiros à classe C, o que antes era um triângulo aos poucos se transforma em uma "barriga", na qual o maior contingente populacional se encontra no meio.
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